APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

De mãos dadas com a democracia, pela universidade e por direitos

Para Stédile, articuladores do golpe não conseguiram se legitimar como alternativa de poder

Em debate realizado ontem (14), no salão nobre da reitoria da UFBA, como parte da programação da 4° Feira Estadual da Reforma Agrária, e que abordou o tema “Conjuntura, Educação e Congresso do Povo”, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, analisou o contexto, as consequências e as contradições do golpe de 2016, apontando as tarefas que o campo progressista precisa desempenhar para construir saídas para a crise.

Também compuseram a mesa do evento o reitor da UFBA, João Carlos Salles, o vice-presidente da Apub, professor Ricardo Carvalho, Fabya Reis, secretária de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Amelia Maraeux, Pró-reitora de ações afirmativas da Uneb e Elen Rebeca do Levante Popular da Juventude e uma das organizadoras do Congresso do Povo.

Para Stédile, o Brasil vive a eclosão de uma grave crise estrutural, que iniciou na esfera econômica e se desenvolveu para as áreas social, política e ambiental; entendendo que o golpe foi uma resposta da classe burguesa que sempre deteve o poder econômico, jurídico e esteve momentaneamente afastada do poder político executivo. Como consequências, o aprofundamento das desigualdades sociais, retirada de direitos constitucionais, entrega das riquezas do país a estrangeiros e desastres ambientais fruto da ganância e do descaso para a sustentabilidade, como foi o caso de Mariana.

No entanto, os últimos anos demonstraram também algumas contradições dentro do golpe, como o fato do governo ilegítimo não ter conseguido cumprir a promessa de retomada econômica. O aumento perceptível da desigualdade também não pôde ser mascarado pela imprensa, contribuindo para os inéditos índices de rejeição a Temer e seu governo, além das disputas internas dos articuladores da queda da presidenta eleita: “Os golpistas não conseguiram ter unidade entre eles, o que leva a vários postulantes à presidência com baixo desempenho nas pesquisas”, disse Stédile. Aliada a isso está a popularidade que o ex-presidente Lula mantém, ainda que preso, como primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto. “Lula se tornou o representante da classe trabalhadora, independentemente de partido; quem está derrotada do ponto de vista de classe é a burguesa, porque não conseguiu convencer a maioria nem se legitimar como uma alternativa de poder”, afirmou.

Nesse sentido, Stédile apontou que os setores progressistas de esquerda, classe trabalhadora e movimentos sociais organizados precisam cumprir alguns desafios, diante do que as contradições do golpe oportunizam. Entre essas tarefas estão a articulação de movimentos de massa para pressionar o STF pela liberdade do ex-presidente Lula; realizar greves e mobilizações, a exemplo do já convocado Dia Nacional de Lula em 10 de agosto; voltar ao trabalho de base, é um dos objetivos do Congresso do Povo, que pretende ouvir o que a população deseja para o Brasil e, por fim, construir um novo projeto de país, que enfrente as mazelas do capitalismo.

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