APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

De mãos dadas com a democracia, pela universidade e por direitos

Pesquisas nas universidades públicas são essenciais para a sociedade

Pesquisas nas universidades públicas são essenciais para a sociedade
Pesquisas nas universidades públicas são essenciais para a sociedade

Nos últimos anos, grande parte da população brasileira foi contaminada pela desinformação, causada pela disseminação em massa de fake news. As universidades públicas foram, provavelmente, as instituições mais afetadas.

Conteúdos produzidos por setores extremistas e por segmentos que têm a intenção de privatizar o ensino público tentavam induzir as pessoas a acreditar que as instituições públicas de ensino superior não eram produtivas e não contribuíam para a sociedade.

Essa mentira é facilmente desmascarada quando exemplificamos inúmeras soluções, invenções e descobertas que impactam positivamente na vida da população, e que só foram possíveis devido a estudos científicos realizados por professores e alunos universitários. Cerca de 99% da produção científica nacional vem das instituições públicas de ensino superior.  

Num ranking de 2019, das 50 instituições brasileiras que mais produziram trabalhos científicos nos últimos cinco anos, 43 são universidades públicas, e apenas uma é universidade privada.

(fonte – jornal da USP)

Mas, na contramão, vem o atual governo com sua política de cortes de verbas das universidades, restrições às bolsas de pesquisa, defasagem salarial de docentes e a redução de recursos para custeio e manutenção.

O investimento total em atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico (P&D) no país, proporcionalmente ao seu produto interno bruto (PIB), era de 1,34% em 2015, foi reduzido para 1,26% em 2017 (primeiro ano completo da gestão Temer), e hoje estima-se que esteja em torno de 1% (ou menos).

Ficamos bem abaixo do nível de países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Alemanha (que se aproximam de 3%), e da China (2,2%), que se consagra no relatório da UNESCO como a nova grande potência mundial do setor. 

O Brasil de Jair Bolsonaro segue na contramão do mundo desenvolvido.

Resistência

A verdade é que, apesar de todos os retrocessos e cortes orçamentários, há uma forte resistência, por parte dos pesquisadores que estão comprometidos em servir aos interesses da sociedade. Isso pode ser constatado pelo número de trabalhos científicos publicados em revistas internacionais, que vêm aumentando linearmente há muitos anos no Brasil (e no mundo).

Apesar de todas as dificuldades, os pesquisadores brasileiros mantém nosso país como o 13º maior produtor de conhecimento científico no mundo, com participação em 372 mil trabalhos publicados internacionalmente no período 2015-2020, segundo um relatório recente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Isso equivale a 3% da produção científica mundial acumulada no período.

Os principais temas abordados pela ciência brasileira nesses últimos cinco anos, segundo o relatório, foram educação, biodiversidade, nanopartículas, pecuária e agricultura.

Soluções para o país

Projetos de pesquisa em universidades do Brasil sempre procuram aproveitar o que nosso país tem de melhor, seja em sua cultura e história, seja em seu solo. Por causa de uma pesquisa universitária, por exemplo, foram criados os métodos de extração que, hoje em dia, são utilizados no Pré-sal, que representa mais de 50% do petróleo produzido no país.

Há alguns anos, os pesquisadores do mundo todo foram confrontados com a epidemia do vírus zika, transmitido pelo mesmo mosquito que, inicialmente, era o transmissor da dengue. Foi um projeto de pesquisa brasileiro que começou a estudar a nova doença e procurar tratamentos e meios de prevenção antes que a epidemia tomasse proporções muito maiores.

Do mesmo modo, diversos projetos de pesquisa no Brasil procuram (e desenvolvem) curas para doenças, criam vacinas, estudam novos remédios e novos procedimentos médicos ou cirúrgicos – tudo a fim de buscar novas alternativas para proporcionar mais saúde, longevidade e qualidade de vida para todos.

Estudos nas universidades contribuem para aumentar a produtividade no campo, de forma mais sustentável e menos agressiva. Isso também acontece com inúmeros estudos que ajudam a preservar o meio ambiente, recuperar biomas e proteger espécies ameaçadas de extinção.

O mesmo ocorre em praticamente todos os campos do conhecimento, especialmente porque enquanto nos países desenvolvidos a ciência busca avanços maiores em áreas já consolidadas, no Brasil grande parte dos esforços da ciência estão voltados para encontrar soluções para problemas contemporâneos.

E na pandemia do novo Coronavírus, ficou comprovado o quanto pesquisadores foram comprometidos, com estudos sobre o comportamento do vírus e da doença (que ajudaram as autoridades a estabelecer protocolos de segurança sanitária), e com a busca da cura. Atualmente, existem pelo menos três vacinas contra a Covid-19 sendo criadas dentro dos laboratórios das universidades. E só não estão disponíveis justamente por causa dos cortes orçamentários impostos pelo governo.

Dessa forma, é importante lembrar que sem investimento, projetos são interrompidos, e para que se mantenham em desenvolvimento até sua etapa final, são necessárias ações integradas, colaboração entre universidades e instituições de pesquisa, governos, sociedade e setores produtivos.

Fonte: APUB

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