O PROIFES-Federação participou nesta terça, 5 de maio, de uma reunião virtual da Internacional da Educação (IE) com representantes de países de todos os continentes. O tema central foi a pandemia e as respostas de cada nação à crise sanitária, além dos impactos específicos na educação, como a possibilidade da redução progressiva do distanciamento social e a volta das atividades escolares presenciais.
A situação brasileira foi relatada pelo diretor de Relações Internacionais do PROIFES, Gil Vicente Reis de Figueiredo (ADUFSCar-Sindicato) e pelo Secretário-executivo, Oswaldo Negrão (ADURN-Sindicato), que representaram a Federação na reunião.
Situação brasileira é dramática
No Brasil, comentou Gil Vicente, “nós temos três crises simultâneas: a crise de saúde, a crise econômica, como em todos os outros lugares, e, além de tudo, uma crise política muito aguda, que vem do comportamento do presidente Bolsonaro”. Enquanto o mundo reage para conter a disseminação do novo coronavírus, no Brasil, afirmou Gil, o presidente da República “não apenas é contra o distanciamento social, como ameaça repetidamente o Congresso, provocando uma instabilidade muito séria”. Por isso mesmo, “aqui estamos muito longe de reabrir”, ponderou Gil. “O número de mortes é de cerca de duas por dia, por milhão, e aumentando”.
Gil destacou ainda que “o Brasil está enfrentando uma propagação não homogênea da Covid-19”, em razão das desigualdades regionais. “Apesar de termos um sistema público de saúde, as instalações são bastante desiguais – a parte mais pobre da região norte, Amazonas e Pará, estão com os sistemas de saúde colapsando. No sul do país temos uma situação difícil, mas os sistemas de saúde ainda estão dando conta. São Paulo é o epicentro do coronavírus, mas como Nova York, a capital tem condições muito piores do que o interior do estado”.
O secretário-executivo do PROIFES- Federação, Oswaldo Negrão (ADURN-Sindicato), complementou que no Brasil “vivemos em duas realidades muito diferentes. As escolas de educação básica e as universidades privadas dão aulas à distância. Não levam em consideração, no entanto, a desigualdade social e os estudantes que não têm acesso à internet ficam excluídos”.
Desde o início da pandemia, explicou Oswaldo, “as instituições públicas têm optado por suspender as aulas, mas o Ministério da Educação está pressionando muito para que voltemos às aulas”. Além do mais, “Bolsonaro pressiona pela abertura do comércio, fala abertamente do fechamento do Congresso Nacional e da necessidade de um golpe institucional. No Brasil, a taxa de contágio é maior que 7 e temos uma das menores taxas de teste na população”. Portanto, o índice de contágio deve ser ainda maior. “Temos poucas pessoas interessadas em serem testadas”, aponta Gil Vicente, “então, quando a ocasião surgir, nós estaremos enfrentando um problema enorme para reabrir as escolas, se nós quisermos garantir condições mínimas de saúde e segurança para as comunidades da educação”.
Internacional da Educação fala em confiança e segurança dos educadores
As entidades ligadas à IE analisaram as ações dos países para enfrentamento do vírus e cenários pós pandemia. Para os representantes, um condição fundamental é garantir a participação dos sindicatos e da comunidade acadêmica e escolar nas decisões para a retomada das atividades. As entidades concordam que será necessário garantir a segurança de educadores e estudantes, bem como levar em conta o bem-estar físico e emocional da comunidade escolar e acadêmica, com readaptação gradual às novas rotinas.
Respostas dos países ao coronavírus
O Brasil parece estar na contramão do mundo no combate ao novo coronavírus, de acordo com os relatos da reunião. Os países com melhores respostas à pandemia tomaram atitudes muito mais duras em relação ao fechamento das fronteiras e confinamento, e adotaram medidas de diálogo social para enfrentar o vírus e pensar a retomada das atividades.
A Nova Zelândia, país considerado exemplo para o mundo, anunciou que venceu a batalha contra o vírus. Com 20 vítimas fatais, a população já recebeu as primeiras medidas de alívio para o isolamento social. O que explica os números, foram justamente as medidas obrigatórias de confinamento e fechamento completo das fronteiras logo no início da pandemia. Lá, a representante da IE, colocou que os sindicatos têm trabalhado conjuntamente com o ministério da Educação opinando sobre critérios e iniciativas para garantir a saúde da comunidade, como equipamentos de segurança.
Na Dinamarca, onde já começou a reabertura dos colégios, mesmo com o baixo número de casos ainda em tratamento, 20 de acordo com a expositora, ainda estão sendo tomadas providências para reduzir as chances de contágio, como testagem maciça, exigência de dois metros de distância entre as pessoas, garantia de que haja fluxo de ar permanente.
No Brasil, o próprio governo brasileiro tem pressionado, principalmente as instituições públicas, a retomarem as atividades e atacam os professores, indicando até congelamento e corte de salários dos educadores.