No dia 07, o GT de Extensão da Apub realizou uma roda de conversa sobre extensão universitária e educação popular, na Biblioteca Reitor Macedo Costa da UFBA, em Ondina.
A atividade contou com a professora Cristiana Bastos Paiva Valente (IME/UFBA), coordenadora do Laboratório de Ensino de Matemática e Estatística (Lema) da UFBA; e com Saiane Moreira dos Santos, coordenadora estadual do Movimento de Pequenos/as Agricultores/as (MPA). A mediação foi da professora Carolina Costa Paraíba, coordenadora do GT Extensão. Pela diretoria da Apub, participaram a professora Fernanda Almeida e o professor Marcos D’Aguiar.
Cristiana iniciou sua fala trazendo a história de criação do Laboratório e sua atuação, explicando que o projeto se dedica à construção de modelos (objetos) para facilitar o ensino e aprendizado de matemática para crianças e jovens de escolas públicas e particulares. Ela enfatizou as dificuldades para realizar os projetos de extensão na Universidade, principalmente no que diz respeito à recursos próprios e o orçamento geral das IFES, além também do número reduzido de docentes envolvidos. “A gente pesquisa para realizar a extensão”, afirmou ela ao falar sobre a falsa noção de que extensão está afastada da pesquisa científica.
Saiane Moreira, que é estudante de licenciatura em educação do campo na UFRB, trouxe a articulação entre a extensão, a educação popular e os movimentos sociais. Também falou da importância de fundir conhecimento acadêmico com conhecimentos populares como forma de instrumentalizar, fortalecer comunidades rurais e urbanas, mas também de inverter o sentido, para enriquecer a ciência produzida nas Universidades. “A extensão tem de ser espaço de diálogo de saberes, aproximar o saber ancestral do saber científico, sem sobreposição, na perspectiva de somar para o povo”, ressaltou.
A professora Carolina Paraíba apontou que sempre se fala sobre a extensão ser além dos muros da Universidade, mas questiona: cadê a verba para isso? Ela defendeu ainda que o orçamento direcionado para a extensão deve ser uma pauta sindical e que deve-se lutar por uma agência de fomento específica para isso.
A diretora financeira do Sindicato, professora Fernanda trouxe ainda a importância do conhecimento e também das bandeiras de luta dos movimentos sociais para dentro da universidade, buscando também transformar o conhecimento acadêmico em socialmente referenciado, entendendo que temos questões fundamentais que precisam ser discutidas conjuntamente. Trouxe como exemplo a questão da alimentação e nutrição – o povo brasileiro consome muitos agrotóxicos e há uma propaganda de que o agronegócio alimenta a população. Mas, os movimentos do campo nos ensinam sobre a alimentação saudável e diversa, sobre segurança alimentar e nutricional e mostra quem, de verdade, é responsável por alimentar a população.
Por fim, as/os presentes encadearam o debate da extensão e das verbas das Universidades Federais com a necessidade de retirar a PEC 32, da chamada reforma administrativa, da pauta do Congresso e também de valorizar as professoras e professores para que seja possível realizar a extensão universitária de qualidade e engajada.