APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

De mãos dadas com a democracia, pela universidade e por direitos

Extremistas tentaram “cavar” fatos para perseguir professores nas aulas remotas

Nos últimos anos, a educação virou alvo da perseguição promovida por setores que sabem que esse é um campo da sociedade onde o extremismo, por se basear na violência e na ignorância, não consegue se estabelecer.

Mas mesmo na pandemia de Covid-19, quando professores de todos os níveis de ensino tiveram que se desdobrar para garantir o processo de ensino-aprendizagem de forma remota (e geralmente sem apoio institucional, no caso da educação pública), como medida preventiva, militantes radicais continuaram espalhando mentiras e paranoias contra os profissionais da educação.

Assim, tornou-se comum o uso, fora do contexto, de gravação de aulas remotas, com o objetivo de difamar professores sob alegações infundadas de “doutrinação” (por sinal, um termo bastante vago).

Da educação básica às universidades, docentes ficaram reféns desse discurso oportunista, usado pelo presidente Jair Bolsonaro e por defensores de movimentos radicais como o Escola Sem Partido (que, na verdade, é um projeto de “escola com partido único a serviço das elites”).

Perseguição

Por todo país, professores fazem relatos chocantes de perseguições oriundas de gravações editadas e transformadas em falsas e tendenciosas “provas” de algo que não existiu.

Isso vem acontecendo porque vivemos em uma conjuntura marcada pela intolerância estimulada para fins políticos, e muitas famílias são enganadas e levadas a criar um sentimento de desconfiança em relação ao ambiente educacional, receosas por algum tipo de ameaça (invisível e inexistente) contra “valores familiares” (outro termo vago, já que os “valores” variam de família para família).

Nesse universo fantasioso, qualquer coisa que não se alinhe ao pensamento extremista é considerada uma “ameaça” ou “doutrinação”.

Esse discurso vazio e repleto de ódio contra fantasmas imaginários, que ganha acolhimento no atual Governo Federal, é mais um capítulo sombrio na conturbada realidade da educação brasileira nesses últimos anos.

Mas vale lembrar que fazer gravações ou tirar fotos das aulas, com o objetivo de registrar o conteúdo para uso posterior do estudante para fins acadêmicos, tem autorização legal, conforme determina a Lei 9.610, de 1998. Ainda assim, é proibido o compartilhamento sem autorização prévia do professor, ou seja, os atos vivenciados hoje no país são criminosos e devem ser denunciados e combatidos.

Paranoias

Os absurdos se multiplicam de Norte a Sul do país. No interior de São Paulo, uma professora de uma instituição de ensino superior privada foi acusada de “desrespeitar a bandeira do Brasil”. Motivo: um objeto presente na sala da casa da educadora, no caso, uma camiseta com o losango invertido. Foi utilizada a Lei de Segurança Nacional, da época da Ditadura Militar, para sustentar a acusação. Detalhe: o texto foi revogado em 1983.

Não é muito diferente do caso de uma militante extremista que em 2016 gravou um vídeo para “denunciar” que a bandeira brasileira, pintada em um painel do Congresso, estaria sendo trocada por uma vermelha (“coisa de comunista”). Pura paranoia porque, para vergonha dela (imortalizada na internet), a bandeira em questão era do Japão.

Com o aumento do extremismo nos últimos anos, por causa das fake news e das teorias conspiratórias espalhadas nas redes sociais, criou-se uma ideia de “caça às bruxas” tendo como mira as escolas e universidades. Apoiadores do presidente da República se acham no direito de atacar quem ousa criticar, por exemplo, o negacionismo sobre a vacina contra a COVID-19 e professores que propõem um diálogo sobre os problemas da sociedade ou do país.

Sobrou até para o Disque 100

Para tentar dar legitimidade a essas perseguições, o governo vem estimulando seus apoiadores radicais a inundar o Disque 100, principal canal para denúncias de violações aos direitos humanos no país, para inundar com falsas denúncias contra professores.

O serviço, atrelado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), comandado pela ministra Damares Alves, passou a permitir o acolhimento de queixas sobre suposta “ideologia de gênero” (um termo que, na verdade, não tem significado nenhum fora do imaginário extremista).

Isso é tão absurdo que ações tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que o governo continue desvirtuando o serviço e deixe de estimular seus apoiadores a fazer denúncias falsas.

Manipulação baixa

Estimuladas por discursos de ódio e preconceitos, muitas pessoas, na grande maioria das vezes manipuladas por lideranças políticas extremistas e movimentos obscuros, acreditam que estão em algum tipo de guerra e que possuem o direito de julgar e ameaçar os profissionais da educação no exercício das suas atividades. Às vezes, os abusos são claros, em outras, são subjetivos, mas sempre colocam em xeque a liberdade de cátedra e de expressão dos profissionais da Educação.

A educação vive à margem de qualquer plano do atual governo. Com o papel do MEC desvirtuado, professores seguem suas atividades desprotegidos e com medo. É preciso combater esses excessos e respeitar o profissional em suas atividades.

Abusos devem ser denunciados para que seja possível dar um basta a essa situação. A Lei da Mordaça nunca será uma realidade. Essa luta é de todos nós!

Fonte: APUB

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