Em um momento em que a Educação pública em geral, e as universidades e os institutos federais em particular, são atacados, silenciados e asfixiados financeiramente, e que milhares de estudantes, docentes, movimentos sociais e sindicais tomam as ruas em defesa do ensino público e contra os cortes orçamentários, o PROIFES-Federação e a ADUFRGS-Sindical realizam o Seminário Presente e Futuro das Universidades e Institutos Federais, com início nesta quinta-feira, 30.
Durante três dias, pesquisadores, docentes e investigadores da educação brasileira se reúnem na sede da ADUFRGS, em Porto Alegre, para debater as perspectivas e caminhos para ensino superior. “Além das pautas fundamentais da educação e do ensino superior, também nos preocupamos em construir um projeto de nação, porque somos educadores. Há um projeto mundial para fazer da educação e dos estudantes uma mercadoria. E se não entendermos o problema, não conseguiremos encontrar a solução adequada, as alternativas, e este é o desafio desse seminário”, destacou o presidente do PROIFES-Federação, Nilton Brandão (SINDIEDUTEC-Sindicato), na abertura do evento.
“Se este governo não tem um projeto para a educação, nós temos. Este presente nós construímos, fomos protagonistas da luta para termos o quadro atual na educação pública nesse país. Portanto, é nossa obrigação lutar pela preservação desse projeto e de nosso futuro. Somos a inteligência que agora está se confrontando com o obscurantismo, e por isso nos reunimos aqui para este debate”, afirmou Paulo Machado Mors, presidente da ADUFRGS-Sindical.
Neste sentido, o representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), José Vicente dos Santos, ressaltou a luta da entidade contra retrocessos. “A defesa de valores iluministas e da ciência faz parte da SBPC, por essa razão achamos que não existirá expansão na ciência brasileira se não tivermos universidades livres, nas quais a liberdade acadêmica possa se manifestar, como vem sendo feito há longas décadas”. O tema da autonomia e liberdade de cátedra faz parte da programação do seminário, que segue até sábado 1º de junho.
Para a professora e representante da Confederação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação (CNTE), Dóris Regina Costa Nogueira, “fazer parte desse seminário, que é um local de resistência nos fortalece, para que conseguirmos enfrentar todos estes ataques que a educação pública vem sofrendo por parte desse governo, que elegeu professores e a Educação como seus inimigos. Estranhamente, os mesmos que hoje atacam a educação superior são os mesmos que mentem em seus currículos”, lembrou.
As perspectivas para o futuro foram o destaque da fala de Lucia Pellanda, reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA): “nosso presente está complicado de navegar, mas não podemos deixar de pensar no futuro. Estamos sendo atacados no campo material, mas também no campo simbólico, o que é inédito para nós. Temos muita coisa para mostrar, e quando as pessoas começam a fazer a conexão que aquele projeto aquela pesquisa impacta na vida delas, elas começam a nos defender. Estamos sendo atacados pelo que fazemos de bom, pelo que dá certo, e nos últimos anos a universidade melhorou muito, é um patrimônio da sociedade brasileira, que se não cuidarmos ninguém vai cuidar. Por isso, acho que esse seminário vai ser importante, e espero que possamos traçar vários cenários, e que um deles seja mais otimista”, ponderou.
O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, representando a Andifes fez uma reflexão sobre o sentindo de urgência de debater a Educação neste momento. “Um seminário como esse coloca para nós um sentido de urgência para muitas coisas que precisamos discutir e esclarecer, estamos sendo testados nesse momento político do Brasil por novos desafios de velhas políticas. Até mesmo dentro da universidade não temos a oportunidade que temos aqui, com representantes de vários sindicatos, de diferentes estados, debatendo temas importantes, e o PROIFES que sempre foi um parceiro vigoroso da Andifes. Temos as universidades públicas como um grande patrimônio da sociedade, que inegavelmente está do nosso lado”, destacou Rui Oppermann.
Encerrando as falas da mesa, a secretária-executiva do Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), Adércia Hostin destacou a sistemática de ataque à educação pública, no Brasil e no mundo. “Há sim um projeto de educação neste governo, e é transformar todo aluno em cliente, privatizar e transformar a educação em mercadoria. Sabemos o que buscamos e queremos para educação do nosso país, e o que estamos deixando bem claro nesse momento é que eles não nos calarão”, concluiu.
O Seminário Presente e Futuro das Universidades e Instituições Federais é gratuito e aberto ao público. O evento também pode ser assistido ao vivo pelo site do PROIFES e pelo YouTube e Facebook da ADUFRGS-Sindical. Acompanhe esta e outras notícias em nossos sites e redes.
Veja programação abaixo:
31 de maio | sexta-feira
9h – A BNCC e a Reforma do Ensino Médio: impacto para a formação de professor
Apresentação – Maria Beatriz Luce (Faced/UFRGS)
Painelista – Lucilia Augusta Lino (Anfope)
Mediação – Geovana Reis (ADufg)
14h – Perspectivas das Universidades e Institutos Federais
Apresentação – Gil Vicente (ADufscar)
Painelistas – Rui Vicente Oppermann (Andifes), Jerônimo Rodrigues da Silva (Conif), Carlos Alexandre Netto (SBPC)
Mediação – Lúcio Vieira (ADUFRGS)
01 de junho | sábado
9h – PNE – Avanços e recuos
Apresentação – Sonia Ogiba (Faced/UFRGS)
Painelistas – Dilvo Ilvo Ristoff (Professor e Pesquisador) e Adércia Bezerra Hostin (FNPE)
Mediação – Silvia Leite (APUB)
14h – Liberdade para Ensinar e Aprender
Apresentação – Aline Kerber (Associação Mães & Pais pela Democracia)
Painelistas – Russel Teresinha Dutra da Rosa (Faced/UFRGS), Miriam Fábia Alves (UFG) e Enrico Rodrigues de Freitas (Procurador Regional dos Direitos do Cidadão/MPF e Fórum Permanente de Combate à Intolerância e ao Discurso de Ódio)
Mediação – Liliane Prestes Madruga (ADUFRGS)
Fonte: PROIFES-Federação