Na manhã de ontem, 26 de setembro, a Plenária Unificada dos quatro setores da UFBA (docentes, tecnicos-administrativos, estudantes e trabalhadoras/es em limpeza, vigilância, portaria e apoio administrativo) lotou o auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA e disse não ao Future-se e sim para a recomposição imediata do orçamento das Universidades públicas.
A plenária, antecedida pelo café da manhã coletivo, fez parte do dia de mobilização, organizado pela Apub, Assufba, DCE/UFBA, Sindilimp e Sindvigilantes. A categoria docente aprovou a paralisação das aulas, em Assembleia do dia 05, para participar do dia inteiro de atividades, assim como os servidores técnicos-administrativos em Assembleia no dia 19.
A presidenta da Apub, Raquel Nery explicou a articulação feita pelas cinco entidades: “esta plenária significa um movimento de convergência, de articulação horizontal. Desde maio apertamos o gatilho para um conjunto de mobilizações em defesa da Universidade e vamos trabalhar conjuntamente em uma direção só, contra este governo que nos elegeu como inimigo”.
Na oportunidade, falou sobre as ameaças sem precedentes na história do país à Educação, à Ciência e à Soberania. Enfatizou ainda os ataques aos docentes, trazendo especificamente o anúncio do Decreto 9.991, publicado em 28 de agosto, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas da administração pública federal. Raquel explicou que, em suma, a medida tanto fere a autonomia das IFES quanto afeta a qualificação das/os, que tem que ser permanente. “Não temos ainda muita clareza de seus desdobramentos, mas é um risco de congelamento das nossas carreiras”, apontou.
“É um sonho que está sendo roubado”, afirmou o coordenador geral do DCE/UFBA, o estudante José Neto, que abordou os impactos do corte orçamentário e do desmonte da Universidade pública para a juventude no Brasil. “A entrada de jovens negros e negras, indígenas, do interior do estado, lgbtts, quilombolas, é grandiosa para nossas comunidades. E criar espaços de resistência e coletividade como esse é entender que a luta dos estudantes é também dos professores, técnicos, trabalhadores terceirizados, de todos”.
Em seguida, Djalma Queiroz, diretor do Sindvigilantes lembrou que faz parte do projeto do atual governo destruir as instituições e empresas públicas, como as Universidades públicas e a Petrobras. Ele também falou sobre a importância do trabalho dos/as vigilantes da UFBA. “Não podemos perder a Universidade. E também estamos aqui batalhando para não perder nossos postos de emprego”.
Antonio Bonfim, coordenador da Assufba, reafirmou a unidade entre os setores não apenas como uma palavra de ordem, e sim como um princípio para a organização da resistência pela Universidade pública. Em relação ao Future-se, apontou a intenção de destruição da carreira dos servidores. “Eles querem voltar ao que era antes de 88, quando acontecia nepotismo, protecionismo, empreguismo, atrasando o desenvolvimento das IFES no país”, pontuou.
Ana Angélica Rabello, por sua vez, afirmou que a luta das/os trabalhadores/as que tem vínculo terceirizado é por respeito e visibilidade. “Este momento é histórico, porque estamos sendo tratados como patrimônio da UFBA, assim como os servidores e estudantes”, ressaltou ela.
Em seguida, a fala foi aberta aos demais participantes. Além de estudantes e trabalhadoras/es da UFBA, estiveram presentes alguns representantes de entidades, como Cedro Silva, presidente da CUT-BA e Layane Clara, presidenta da União dos Estudantes da Bahia (UEB), e o deputado estadual Hilton Coelho.
Após a plenária, foi servida uma feijoada à comunidade e realizado um ato político-cultural na Praça das Artes, no campus de Ondina, onde foi lida e aprovada a carta unificada dos 4 setores da comunidade UFBA. O ato também contou com apresentações musicais e de dança.