O PROIFES-Federação participou ativamente do Encontro da Rede de Trabalhadoras da Educação da IEAL – Internacional da Educação para a América Latina, realizado em Buenos Aires, Argentina, iniciado em 30 de outubro e encerrado nesta quinta-feira, 1 de novembro.
A construção de políticas públicas a favor dos direitos das mulheres e o papel do movimento sindical no continente latino-americano são alguns dos principais temas tratados no espaço da Rede de Mulheres, que busca facilitar o processo de formulação e implementação de políticas públicas com perspectiva de gênero em toda a América Latina, documentando e fornecendo subsídios às organizações sindicais que debatem esta temática.
O PROIFES-Federação se fez presente com uma delegação de quatro professoras, formada pela vice presidenta do PROIFES, Luciene Fernandes (APUB-Sindicato), a diretora de Comunicação, Gilka Pimentel (ADURN-Sindicato), Geovana Reis (ADUFG-Sindicato) e Matilde Alzeni (ADUFSCar-Sindicato), que pontuaram os desafios da participação das mulheres no universo acadêmico e sindical, ambos ainda bastante marcados pela presença do homem nos espaços e nas relações de poder.
Segundo Luciene, neste encontro os principais temas compartilhados por educadoras de todo o continente se relacionam ao enfrentamento do crescimento da onda de violação de direitos com reflexos diretos na Educação. A vice-presidenta do PROIFES questionou, em sua intervenção durante a mesa que analisou conjuntura da educação na região, qual a melhor estratégia a ser adotada para o enfrentamento das desigualdades de gênero e no combate ao preconceito contra as mulheres: “Qual a melhor tática? Radicalizar ou flexibilizar o discurso?”, indagou, lembrando que na Argentina não houve flexibilização do discurso, “e o governo de direita não precisou atacar as mulheres, gays, e outras populações socialmente fragilizadas, mas no Brasil sim.”
Já Gilka Pimentel ressaltou a misoginia presente em diferentes aspectos da vida social brasileira, em especial na política, lembrando os ataques que a ex-presidenta Dilma Rousseff recebia cotidianamente por ser mulher. “Durante todo o processo de impeachment ela era chamada de todos os nomes depreciativos, xingada, e considerada descompensada e louca”, destacou também o preconceito sofrido pela recém-eleita governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, única mulher eleita entre 27 estados. “Ser mulher na política brasileira tem sido muito difícil para todas, mas nós somos a resistência”, destacou Gilka.
Para Geovana Reis o encontro foi bastante produtivo porque permitiu ao PROIFES “entrar em contato com várias trabalhadoras da América Latina, conhecer suas realidades, dificuldades e conquistas, o que fortaleceu nossa convicção da necessidade de nos mantermos na luta por igualdade de gênero em todos os espaços e instituições possíveis, e, principalmente, nos sindicatos”, afirmou a professora, salientando que no evento também foi possível “compreendermos em que pé se encontra a luta das mulheres pelo direito de decidir sobre seu corpo, e acompanharmos a discussão acerca da necessidade dos sindicatos incorporarem a pauta dos direitos da mulher e pela igualdade de gênero”.
Matilde Alzenir, em sua intervenção, ressaltou a possibilidade de acompanhar melhor e ter mais informações sobre os temas das políticas de gênero e educação sexual integral no sistema de ensino da Argentina.
Encerrando as discussões e reflexões, Luciene apresentou as ações realizadas pelo PROIFES – Federação através do Grupo de Trabalho (GT) Direitos Humanos, tais como:
• Dois Encontros nacionais sobre direitos humanos com destaque para a temática de gênero, violência contra as mulheres.
• A inclusão da pauta Direitos humanos pela primeira vez como eixo temático do XIV encontro nacional;
• Em andamento a pesquisa para levantar um diagnóstico das relações de gênero, raça e sexualidade entre os professores universitários;
• Aprovação da mudança de estatuto para inclusão de diretoria Direitos humanos.
O encontro contou também com a participação de delegações do Chile, Uruguai, Paraguai, Costa Rica, Colômbia e Argentina, e se realiza na sede de CTERA (Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina), em Buenos Aires.
Fonte: PROIFES-Federação
Fotos: IE-AL/Divulgação