Teve início nesta quinta-feira (21) o Seminário “Desafios do financiamento da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil e na Bahia”, organizado pela Apub Sindicato em parceria com o PROIFES-Federação. O Seminário, que abriu com uma reunião, na parte da manhã, do Grupo de Trabalho em Ciência, Tecnologia e Inovação do PROIFES, na sede da Apub, continuou à tarde com uma mesa sobre os 150 anos da Tabela Periódica e o debate em torno de sua diversidade e limitações. O convidado para falar sobre o tema foi o professor Martín Labarca, da Universidade de Buenos Aires e pesquisador do CONICET – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas da Argentina. O docente tem como campo de investigação a filosofia da ciência, em particular a filosofia da Química. Além de professores e professoras da UFBA, estiveram presentes no evento estudantes da graduação, pós-graduação e do Ensino Básico e o professor Ênio Pontes (ADUFC Sindicato), diretor de Ciência e Tecnologia do PROIFES.
O professor Jailson Alves (Química/UFBA), diretor acadêmico da Apub, coordenou a mesa e explicou a motivação para realizar uma atividade sindical sobre o tema específico da Tabela, apontando que ele é “o que mais conecta as nossas atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. A Tabela é o instrumento mais antigo da didática da Química”. Ele apresentou ainda a programação do Seminário, convidando à participação e destacando o lançamento do GT de Ciência, Tecnologia e Inovação da Apub, que acontece amanhã (22) também sob sua coordenação. “O objetivo do GT é discutir as condições de trabalho docente do ponto de vista da produção da ciência, mas não apenas do ponto de vista das ciências hard, pautando também os ataques às humanidades que o governo atual vem promovendo”.
A conjuntura política atual também foi abordada pelo professor Dirceu Martins, diretor do Instituto de Química da UFBA, que fez uma saudação em nome da unidade; ele falou como a dificuldade de financiamento da ciência tem sido uma política alinhada ao neoliberalismo. A professora Raquel Nery, presidenta da Apub, destacou que o Seminário e a fundação do GT na Apub são marcos positivos, “em um tempo que a Apub incorpora esse eixo, da ciência e tecnologia, à sua luta política e a discussão sobre a Tabela Periódica representa muito bem isso”.
Na sua exposição, o professor Martín Labarca guiou-se pela compreensão de que a Tabela Periódica é um “trabalho inacabado” cuja formulação está ainda em disputa na comunidade científica, apesar da hegemonia do modelo de Mendeleev, de 1869, justamente o que completou 150 anos. Ele destacou que existem mais de mil tabelas diferentes e que, ao longo da história da Química, diversos cientistas elaboraram modelos e contribuíram para a compreensão das relações, classificações e organização dos elementos. Pincelou também alguns dos debates que existem no meio científico em relação a quais critérios considerar na classificação dos elementos, as divergências na posição do Hidrogênio e do Hélio e dos elementos de transição (grupo 03). Para ele, a questão fundamental do debate é “o que queremos expressar com a Tabela Periódica, configurações eletrônicas ou periodicidade entre propriedades físico-químicas?”. O professor também fez uma reflexão crítica a respeito da posição oficial da IUPAC – União Internacional de Química Pura e Aplicada, ao afirmar que “nenhuma tabela é definitiva, a correta ou a melhor, ao mesmo tempo que adota o modelo de Mendeleev.
O Seminário continua amanhã (22), a partir das 09h, no auditório do PAF I (campus de Ondina da UFBA), com a mesa “O problema do reducionismo nas ciências naturais”, também com palestra do professor Martin Labarca.