Direitos Humanos constroem Democracia, aponta mesa final do XVI Encontro Nacional do PROIFES-Federação

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“A afirmação radical dos Direitos Humanos é também uma forma de construir a Democracia”, destacou Alex Reinecke, delegado do ADURN-Sindicato, ao iniciar a última mesa do XVI Encontro Nacional do PROIFES-Federação na tarde desta sexta-feira, 6. Além do professor Alex coordenaram o debate do Eixo 5, O futuro dos Direitos Humanos no Brasil, a delegada Rosângela Gonçalves (SINDIEDUTEC) e o delegado Oswaldo Negrão (ADURN-Sindicato).

Ao introduzir a discussão, Alex Reinecke ressaltou que os Direitos Humanos também estavam sendo tratados durante as demais mesas que foram realizadas ao longo do Encontro, mas que o campo tem uma enunciação muito característica que se faz pela sua diversidade. “Nesse sentido é muito importante o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Direitos Humanos do PROIFES, que conseguiu ao longo dos três últimos anos avançar no entendimento de que nós temos sim uma luta classista em curso, uma luta muito dura, mas que também temos no interior dessa luta a luta dos Direitos Humanos, que é feita no conjunto da sociedade”, disse.

Sobre esse ponto Rosângela Gonçalves acrescentou que é necessário ter a percepção de o quanto aqueles e aquelas que estão no espaço sindical precisam fazer o exercício sábio de humildade e se entenderem nesse processo, iniciando pela reflexão sobre suas atitudes.

Lembrando o recente julgamento do caso da jovem que foi estuprada em uma casa noturna da cidade de Florianópolis, Rosângela destacou que não basta empoderar as mulheres, é preciso discutir formas de colocá-las no poder. Sobre o mesmo caso, a professora Luciana Elias (ADUFG-Sindicato) completou: “ela estava isolada dentro de uma perspectiva de solidariedade das mulheres, mas sendo julgada por homens brancos”.

Para Luciana Elias é preciso conhecer quem somos e entender com quem contamos. A docente considera importante aprofundar o debate sobre o assunto, “é preciso estabelecer quais são as questões e motivos pelos quais temos poucos negros juízes, poucos negros médicos, etc. Isso sem contar a questão de gênero”, afirmou.

A dificuldade de tratar dos assuntos que compreendem os Direitos Humanos foi uma questão levantada pela delegada Gilka Pimentel (ADURN-Sindicato). “Além de ser uma visão política do mundo da relação aos valores, ele é transversal, é civilizatório e nos dá condição de assumirmos o que somos à nossa parte humana”, disse.

Com o objetivo de amplificar o debate sobre o assunto nas universidades, Wellington Duarte, delegado do ADURN-Sindicato, pontuou que é imperativo a criação de núcleos de Direitos Humanos nos sindicatos federados. Para ele, atualmente a questão não está na prioridade dos professores universitários. O delegado Ruy Rocha (ADURN-Sindicato) foi além, e destacou a necessidade de entender a comunicação como um importante ator na construção dos Direitos Humanos. “Se a gente não criar espaços: livros digitais, espaços coletivos de produção e ações midiáticas contra hegemonia, a gente vai perdendo espaço. Precisamos apoiar a democratização da comunicação, para além das Universidades”, disse.

Ensino Remoto

Assumindo uma visão de Direitos Humanos em toda a sua amplitude, como foi colocado por Oswaldo Negrão (ADURN-Sindicato), entre as diversas questões trazidas pelo texto-base do Eixo 5 e levantadas pelos docentes no debate – como o direito ao acesso à alimentação segura e saudável e ao meio ambiente, a inclusão das pessoas com necessidades especiais e os direitos dos povos originários – uma questão inédita até então foi colocada em discussão: o ensino remoto.

O modelo de ensino remoto imposto em decorrência da pandemia de Covid-19, trouxe diversas implicações na vida dos professores e estudantes e, para a observadora Silvia Lúcia (APUB), revelou a falta de investimento em inclusão digital nas universidades públicas, em especial, as federais.

O delegado Manoel Coracy (SINDPROIFES) pontuou que as circunstâncias têm gerado desconforto e constrangimento para os docentes, sobretudo para aqueles que são de uma geração que não está habituada a utilizar as ferramentas tecnológicas. Uma outra preocupação colocada pelo docente é a separação do público e do privado “nem todos têm as suas casas desenhadas para ser um escritório, uma extensão do seu trabalho na universidade”, disse.

Encerramento

Encerrando o XVI Encontro Nacional do PROIFES, o presidente da Federação, Nilton Brandão, destacou o caráter inovador da entidade ao realizar o encontro virtualmente. O secretário executivo do PROIFES, Oswaldo Negrão, ressaltou que “dentro do que é possível em um ano de pandemia, diante da realidade posta, frente a uma questão de saúde pública, foi uma decisão acertada fazer esse encontro de forma remota”.

Brandão agradeceu a todos e todas pela presença e pela construção de um evento sindical diverso e agregador. “Meu agradecimento especial a todas as diretorias dos nossos sindicatos que com todas as dificuldades de 2020, de sobrecarga inclusive, não descuidou da luta político-sindical. Meu agradecimento profundo aos nossos delegados, observadores, às nossas entidades convidadas. Vocês são todos muito bem-vindos ao PROIFES. Por um movimento sindical mais unido e participativo “, concluiu.