Nota da Apub | Em solidariedade à professora Larissa Bombardi

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A Apub Sindicato expressa sua solidariedade à professora e pesquisadora do Departamento de Geografia da USP e colunista da Rádio Brasil Atual, Larissa Bombardi que, diante de intimidações relacionadas à sua área de pesquisa – uso de agrotóxicos e agronegócio – publicou em carta aberta sua decisão de deixar o país. Ela foi selecionada para uma bolsa na Universidade Livre de Bruxelas.

Larissa é uma referência em sua área de estudos e, em 2017, publicou o atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, no qual apresenta e analisa dados sobre o consumo de agrotóxicos do Brasil em comparação com a União Europeia. Após a publicação, fruto de sua pesquisa de pós-doutorado, ela passou a receber ameaças e, segundo conta em sua carta aberta, foi aconselhada por movimentos sociais e mudar seus horários e rotina para se proteger “de possíveis ataques dos setores econômicos envolvidos com a temática sobre a qual eu me debruço”. Em agosto de 2020, sua casa foi assaltada e um laptop contendo todos os seus dados de pesquisa foi roubado – felizmente, ela tinha backup em um HD externo. Desde então, a professora tem vivido com sua família na casa de amigos.

O autoexílio da professora é mais um exemplo da perseguição política que só tem escalado no governo de Jair Bolsonaro, a quem os interesses do agronegócio estão alinhados. Em 2018, a antropóloga feminista Débora Diniz também deixou o país após receber ameaças de morte; ano passado, pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições sofreram perseguições por conta dos resultados de um estudo sobre o uso da cloroquina no tratamento da covid-19. Ainda, tantos/as outros/as que deixam o país diante do aprofundamento do desmonte das Universidades públicas e falta de financiamento para suas pesquisas. Os prejuízos para o país são incalculáveis e não poderão ser revertidos a curto prazo.