Pesquisa do departamento de estatística da UFBA apontou que mais de 60% dos docentes da universidade enfrentam carga horária excessiva de trabalho.
Mesmo na pandemia, os professores estão se desdobrando para manter suas atividades, que vão muito além das aulas na graduação e pós-graduação, e envolvem projetos de pesquisa e extensão, orientações, participações em bancas e em colegiados, funções administrativas dentro dos departamentos e setores da universidade, entre muitas outras atribuições.
A rotina é tão desgastante que não é raro os professores terem que usar períodos de férias e os finais de semana para cumprir com atividades acadêmicas.
Ambiente hostil e “tesoura” do orçamento
Somado a esse desgaste do dia a dia, o atual Governo Federal faz questão de adicionar novos elementos que prejudicam o bom funcionamento das universidades, como a interferência na escolha de reitores, a perseguição a docentes e a disseminação do discurso de ódio contra o conhecimento, a produção científica e a liberdade de cátedra.
O autoritarismo e a retórica extremista fazem do ensino superior público no Brasil hoje “um ambiente hostil”, nas palavras de renomadas publicações científicas internacionais.
Como se não bastasse essa conjuntura, mais um capítulo da falta de compromisso com a educação foi escrito pelo atual Governo Federal na hora de decidir o orçamento para este ano.
Nas universidades federais, o investimento em 2021 será 18% menor em relação ao orçamento do ano passado, que já havia sofrido cortes.
Após sucessivos cortes, o cenário é tão grave que na UFBA o montante destinado para este ano é o equivalente ao de 2010, quando havia 15 mil estudantes a menos. Ou seja, a instituição precisa operar hoje com o mesmo orçamento de quando o quadro de estudantes era 37,5% menor.
É inevitável que haja nova redução de bolsas de pesquisa e para assistência estudantil. Despesas básicas, como pagamento de água, luz, manutenção e segurança dos espaços e serviços terceirizados também ficarão comprometidas.
A lição de Paulo Freire
É neste contexto que devemos lembrar a célebre frase de Paulo Freire, patrono da educação brasileira e que completaria 100 anos em 2021: “Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica”.
Na trincheira da defesa e da valorização da educação, todos devem estar atuantes e envolvidos.
Sabemos que as táticas daqueles que disseminam ódio contra a educação incluem espalhar o terror, impor o medo, perseguir e constranger professoras e professores. Mas é por isso que nós, da APUB Sindicato, estamos aqui para fazer esse enfrentamento junto com a nossa categoria e de toda a comunidade acadêmica.
Juntos
O momento exige união e uma caminhada conjunta, na mesma direção. Foi assim nos piores momentos da Ditadura Militar, foi assim quando nos unimos na campanha pelas “Diretas Já”e foi assim quando tivemos a chance de construir um país melhor com a Constituição de 1988.
Os professores sempre estiveram na vanguarda, atuantes nas principais lutas do país e agora não será diferente.
Mas a APUB não conseguirá fazer isso sozinha. Afinal, nossa força é a somatória da força de todos os membros da nossa categoria.
É hora de participar das atividades de luta dentro da universidade, do sindicato, apoiar as causas em defesa da educação e incentivar mais colegas a fazerem o mesmo.
Devemos lembrar de Paulo Freire e ter em mente que a luta faz parte do nosso DNA porque a educação é transformadora.
O combate ao autoritarismo e ao discurso de ódio, a luta pela valorização da carreira docente e pela recomposição orçamentária das universidades deve se manifestar em cada ato nosso como professor, em cada fala, em cada discurso.
Nas redes sociais, acompanhe e compartilhe os materiais divulgados pela APUB e faça com que essa luta seja cada vez mais ampla e coletiva.
Na defesa da educação, da Democracia, da ciência e da vida, a omissão não pode ser uma opção.
Compartilhe no Facebook e Instagram
Fonte: APUB