No Brasil, a pandemia do novo Coronavírus está “rejuvenescendo”.
Segundo o Portal da Transparência do Registro Civil, que reúne informações dos cartórios de todo o país:
Em maio de 2021, 3.235 pessoas entre 30 e 39 anos morreram por Covid-19. Em janeiro haviam sido 858 mortes. Ou seja, os óbitos nessa faixa etária aumentaram quatro vezes, em apenas dois meses;
No mesmo período, as mortes entre jovens de 20 a 29 anos saltaram de 245 para 829 – aumento de 240%.
Nas linhas abaixo, entenda por que a vacinação de toda a população, e não apenas de determinados grupos, é fundamental para voltarmos à rotina de antigamente – incluindo as aulas presenciais.
O que é o “rejuvenescimento” da pandemia?
Desde o início da crise sanitária, ficou notória a fragilidade dos idosos diante da Covid-19 em todo o planeta.
Em março de 2020, pesquisadores da Universidade de Hong Kong constataram que as chances de morrer pela doença eram cinco vezes maiores entre pessoas acima dos 59 anos, do que entre aquelas com 30 a 59 anos.
Isso porque o sistema imunológico tende a ficar mais vulnerável a medida em que envelhecemos. Depois dos 60 anos, nosso organismo também fica mais lento para responder às infecções, o que contribui para que muitos idosos sejam portadores de doenças crônicas (elevando os riscos de complicações por Covid-19).
Todavia, no Brasil, a realidade está mudando: proporcionalmente, o novo Coronavírus mata muito mais jovens aqui do que no restante do globo.
Desde a sua chegada ao país, mais de 25 mil pessoas abaixo de 39 anos morreram por causa da doença (até 31 de maio). Isso é mais de 5% dos mais de 505 mil óbitos que o Brasil contabiliza (até de 22 de junho) – uma taxa mais de três vezes maior que a dos Estados Unidos (1,5%), e quase oito vezes maior que a do Reino Unido (0,64%).
Por aqui, menores de 59 anos representam mais de um terço das mortes pela doença. Além disso, conforme os idosos estão sendo vacinados, os óbitos de sua faixa etária têm caído pela metade.
Por que isso está acontecendo?
Como é sabido, pessoas mais jovens são menos propensas a desenvolver complicações da Covid-19 e morrer por causa delas elas.
Diferentemente dos idosos, elas têm um sistema imunológico mais resistente, que combate o vírus com mais eficácia – exceto quando possuem alguma comorbidade, como asma, obesidade, pressão alta, etc.
Isso levou a uma percepção errada de que os jovens seriam imunes ao vírus e que poderiam negligenciar diversas medidas de segurança sanitária, como o isolamento social.
Consequentemente, as infecções, hospitalizações e mortes crescem mais rápido entre menores de 60 anos e que não possuem, via de regra, comorbidades, de acordo com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Como isso afeta toda a sociedade?
Pessoas mais jovens passam mais tempo internadas nas unidades de terapia intensiva (UTIs) quando são infectadas: devido ao sistema imunológico mais resistente, combatem melhor o vírus e tardam muito mais para se salvar (ou morrer).
Logo, a contaminação dos mais jovens contribui para taxas críticas de ocupação de UTIs do SUS em todo o país. Na Bahia, 81% dos leitos já estão ocupados (em 18 de maio).
As fake news distribuídas largamente pelos apoiadores do Governo Federal e por setores extremistas da sociedade também contribuem para que uma imensidão de pessoas abandone o isolamento social e as medidas de segurança sanitária (inclusive as básicas, como distanciamento mínimo e uso de máscaras e álcool 70%).
A demora para a imunização (que ocorre a passos lentos por decisões políticas do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de sua equipe), somada ao cansaço causado pelo isolamento prolongado, tem feito com que muitas pessoas passem a “baixar a guarda” e também reduzam os cuidados.
Fora isso, a falta de um auxílio emergencial que garanta segurança financeira e dignidade às famílias durante a pandemia tem forçado muitos jovens a retomar os empregos presenciais (quando não há possibilidade de opção pelo remoto).
Tudo isso gera uma “reação em cadeia”: a infecção dos mais jovens pode acarretar óbitos entre os mais idosos e pessoas com doenças crônicas, por causa da disseminação do vírus nas interações familiares, sociais e outras.
De certa forma, a combinação desses fatores tem contribuído para que no Brasil se mantenha uma média móvel de mortes diárias ainda muito alta, mesmo que uma parcela (pequena, é verdade) já tenha sido vacinada.
Por todos esses motivos, o Projeto de Lei (PL) 5595/2020 precisa ser barrado no Senado, pois pretende forçar o retorno às aulas presenciais durante a pandemia, mesmo se ela piorar.
Em vez de se fixar em um projeto tão perigoso à vida da população, o Governo Federal deve priorizar a imediata e massiva imunização do povo brasileiro e, inclusive, não deixar faltar insumos para a produção de vacinas (como tem ocorrido com frequência).
A vacinação dos grupos prioritários é fundamental. Mas, se o restante da sociedade não for vacinada, o retorno às aulas presenciais só aumentará a tragédia que estamos vivendo.
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Fonte: Campanha Essencial É a Vida