O Brasil lidera um ranking nada memorável. É o país que menos valoriza seus professores.
Essa foi a conclusão de uma pesquisa desenvolvida em 35 nações ao redor do mundo. O estudo apontou que 91% das pessoas acham que o professor brasileiro não é respeitado em sala de aula, e apenas 1 a cada 5 entrevistados brasileiros recomendaria a carreira docente a um filho.
Notou-se também que os países mais desenvolvidos economicamente eram aqueles que valorizavam mais os profissionais da educação. A aprendizagem, neste caso, era mais significativa e empoderadora.
Desvalorização é projeto
Como fortalecer a educação pública do nosso país, quando governantes agem sistematicamente para sabotá-la?
Do ensino básico (responsabilidade de municípios e estados) às universidades (pertencentes aos estados ou à União), os professores brasileiros lidam com o acúmulo de demandas, altíssimas cargas horárias e atividades variadas que não se resumem somente à sala de aula.
No ensino superior público, além de preparar futuros profissionais tecnicamente capacitados para o mercado de trabalho e para contribuir com a busca de soluções para problemas sociais, professores realizam importantes pesquisas para o desenvolvimento do país e compartilham saberes com o público externo, a partir dos projetos de extensão que colocam em prática os conhecimentos científicos.
Tudo isso envolve muito preparo e dedicação.
Porém, nada disso é considerado pelo Governo Federal, que vem tratando como inimiga a educação pública do país.
O projeto da Reforma Administrativa (PEC 32/2020) é um exemplo evidente: desde seu começo focou no fim na estabilidade dos docentes, em todos os níveis, e na transformação das instituições (inclusive de ensino) em balcões de negócio entre Estado e iniciativa privada.
Ódio aos trabalhadores da educação
Os professores brasileiros – principalmente, os vinculados à educação básica – lidam com a desvalorização salarial na maioria das regiões. Porém, apesar de a retribuição financeira ser um dos principais pilares para a autoestima e realização profissional, a valorização também perpassa outros fatores.
Entre eles, está a liberdade de expressão, de pensamento e de cátedra. Por se tratar de um trabalho intelectual, que exige esforço e criticidade, os profissionais necessitam de um espaço livre para o debate e a construção coletiva do conhecimento.
Neste sentido, cada vez mais profissionais têm sido perseguidos (principalmente, os professores universitários), por emitirem suas opiniões e posicionamentos. O governo de Jair Bolsonaro tem usado, com frequência, aparatos repressores e órgãos do Estado para intimidar professores. Esse é um fator que deve servir de alerta a toda a população, porque um governo que considera a educação uma ameaça é incapaz de construir uma sociedade mais desenvolvida.
Os cortes de bolsas de pesquisa também têm direcionamento político. A partir de orientações do presidente Jair Bolsonaro, agências financiadoras como a CAPES e o CNPq têm deixado de ofertar os subsídios para pesquisas. A ciência é outra área desprezada pelo presidente Jair Bolsonaro porque seu projeto só se sustenta com base na distorção da realidade, e suas táticas não resistem às provações dos conhecimentos científicos.
Junto a isso, setores extremistas espalham pelas redes sociais fake news massivas difamando os profissionais de educação e as instituições de ensino, com acusações infundadas para que a população deixe de ser solidária aos profissionais do setor.
O conteúdo é gerado, principalmente, pelos setores da sociedade que se incomodam com o fortalecimento do pensamento crítico nas escolas e universidades.
Assim, o Brasil vai na contramão do resto do mundo desenvolvido. Em vez de atuar para aumentar o respeito da população à categoria docente, o governo Bolsonaro prefere perseguir, ameaçar e intimidar os servidores.
O caminho do nosso país é árduo, mas como já demonstram os exemplos vindos dos outros países, só com educação de qualidade construiremos uma sociedade com desenvolvimento econômico e social, construída com base em relações humanas mais solidárias.
Fonte: APUB