De 21 a 24 de outubro, a CUT realizará a 16ª Plenária Nacional – João Felício e Kjeld Jakobsen, evento que reunirá dirigentes sindicais de todo o Brasil para organizar a estratégia de luta da Central com base na realidade da classe trabalhadora. A participação dos mais de 950 delegados sindicais será de forma virtual por causa da pandemia do novo coronavírus.
Os tempos atuais trouxeram novos desafios que foram impostos tanto pela caótica situação política do Brasil, quanto pela pandemia, que agravou a crise econômica e acentuou as desigualdades com impacto maior sobre os trabalhadores e trabalhadoras, explica a Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro.
“É em um contexto adverso, uma realidade que nunca enfrentamos, que realizaremos nossa plenária”, diz a dirigente.
O momento não é só de adaptação a novos formatos, afirma Carmen Foro, acrescentando que a pandemia de Covid-19 afetou o mundo todo e tem sido mais letal para a população brasileira.
De acordo a Secretária-Geral da CUT, isso aconteceu paralelamente ao ataque sistemático aos direitos, que começou desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e foi aprofundado pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que tem penalizado de forma brutal os trabalhadores e trabalhadoras.
“Nos últimos tempos, a classe trabalhadora tem sofrido uma forte degradação dos direitos, de ataques às liberdades e de exploração pelo capital”, pontua Carmen Foro.
“O momento é delicado, mas de uma necessidade muito grande de se reorganizar e fazer o que a CUT sempre fez, que é lutar com mais garra ainda, e com todos os seus instrumentos, para defender os trabalhadores”, acrescenta a dirigente.
A Plenária, ela explica, reforça os desafios já colocados e deliberados no 13° Congresso da CUT, realizado na Praia Grande, em 2019. Porém, com o advento da pandemia, os eixos de luta agora incluem, primordialmente, a defesa da vida.
De acordo com o caderno base da Plenária, documento que serve de guia para os debates, o fortalecimento da organização da classe em defesa da vida, dos direitos e da democracia é urgente. “Temos que manter a mobilização e a luta”, diz Carmen Foro.
Para isso, a batalha principal é levar a classe trabalhadora a um novo patamar de organização e luta e, fundamentalmente, de resistência à política de destruição de Jair Bolsonaro.
“A luta pelo fim deste governo é tarefa principal da sociedade brasileira. É o caminho para reconquistar direitos brutalmente atacados”, afirma a Secretária-Geral da CUT.
A história, ela diz, mostra que a luta faz a lei e, seguindo princípios e compromissos da Central, de defender a classe trabalhadora, serão construídas as bases para um movimento sindical cada vez mais forte. “E para que o Brasil reencontre o caminho da democracia e da justiça social”, completa a dirigente.
Eixos
Já no 13° Congresso da CUT, realizado em um ano de profundas mudanças ideológicas no governo federal, em que as políticas econômica e social passaram a ser direcionadas ao mercado e não com um olhar humano para o povo brasileiro, a Central definia como horizonte de luta a defesa de direitos, democracia e soberania; a construção de alternativas para a classe trabalhadora; e os desafios para o processo organizativo da CUT, que passam pela organização de entidades filiadas, dos locais de trabalho e o destaque para a representatividade de trabalhadores não formais, com vínculos empregatícios precários.
Este ponto, em específico, consolida o compromisso da CUT desde sua fundação que é o de defender o conjunto da classe trabalhadora. Os eixos, portanto, permanecem atuais e são acrescidos da “Defesa da vida – parar as mortes e superar a pandemia”.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, o mundo inteiro foi obrigado a passar por um processo de transformação severo. Além de trazer impactos econômicos e sociais ainda incalculáveis, a pandemia ceifou milhões de vidas ao redor do planeta. Até agora, mais de 600 mil vidas, só no Brasil, como resultado de uma política de negligência e negação da pandemia.
O governo Bolsonaro, desde o início, minimiza a crise sanitária, nega a ciência e todas as suas posturas até agora, como a indicação de medicamentos comprovadamente ineficazes para tratar a Covid-19, o atraso na compra de vacinas e a sua jornada contra medidas de segurança como o uso de máscaras e o isolamento social, contribuíram para que o Brasil figurasse como um dos epicentros da doença no mundo.
Além disso, segundo dados da OIT, a pandemia causou uma perda equivalente a 255 milhões de postos de trabalho em 2020. O mais impactados foram os segmentos que primeiro sofrem em crises econômicas e sociais – a população negra, as mulheres e os jovens.
No contexto da pandemia, a CUT propõe ações e estratégias que incluem a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), aquisição de vacinas para toda a população, direitos básicos como alimentação, saneamento, além do auxílio emergencial de R$ 600 para informais e desempregados.
A luta em defesa da vida também se dá pelo combate à fome no Brasil, que aumentou desde que Bolsonaro assumiu o poder e se intensificou por causa da crise econômica aprofundada pela pandemia do coronavírus.
Agenda
Esta é a primeira vez que um encontro para o debate da estratégia de luta a ser adotada nos próximos tempos será realizado também de forma virtual. Ao todo, 950 delegados sindicais já estão inscritos para participar dos debates, sendo 481 homens (50,6%) e 469 mulheres (49,4%).
Dia 20/10 – 19h – Abertura oficial
-Homenagem póstuma aos ex-presidentes da CUT João Felício, falecido em 2020, e Kjeld Jakobsen, falecido este ano.
Dia 21/10 – Abertura da sala virtual e credenciamento
– Apresentação do Regimento Interno e Conjuntura
– Conferência com Dilma Roussef e Celso Amorim
Dia 22/10 – Estratégia
-Painel com Rafael Freire (CSA) e Carmen Foro, com apresentação do texto-base
-Grupos de Trabalho para aprofundar debate sobre 3 Eixos e apresentação das Emendas
-Plenário para votação das Emendas
-Apresentação de Pesquisa sobre Trabalhadores em aplicativos
Dia 23/10 – Estratégia – Projeto Organizativo
– Pronunciamento do presidente da CUT, Sergio Nobre, e grupos de trabalho para aprofundar o debate, com apresentação das emendas.
Dia 24/10 – Apreciação das Emendas do Eixo 4
-Plano de Lutas, Moções e Encerramento
Edição: Marize Muniz