Tá mais do que na hora da desigualdade de gênero e estereótipos serem superados quando o assunto é ciência. A participação feminina precisa ser ampliada, além de receber o devido reconhecimento nas atividades desenvolvidas como cientistas ou pesquisadoras.
Não por acaso, há hoje uma data no calendário mundial, o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro e determinado por uma resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2015, exatamente para corrigir distorções e estimular um envolvimento cada vez maior delas no universo científico.
Estimular a participação feminina é primordial. De acordo com dados da UNESCO, apenas 30% das cientistas em atividade no planeta são mulheres. A presença delas também é reduzida em cursos de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática – em torno de 35%.
Predominantemente masculino, o ambiente científico ainda é repleto de barreiras contra as mulheres, já que as oportunidades, muitas vezes, acabam sendo desiguais.
Apesar de elas serem maioria quando o assunto é bolsas de iniciação científica (59%), mestrado e doutorado, o abismo se estabelece quando elas tentam avançar profissionalmente.
Entre os bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPQ, por exemplo, as mulheres são apenas 33% do total. Quando se trata das bolsas mais altas, chamadas de 1A, elas representam apenas 24,6%
Para entender dados como esse, é preciso levar em conta que uma série de dificuldades impede o acesso, a ascensão e a permanência.
Disparidades na ciência
O que acontece na ciência é reflexo da realidade do nosso país. O machismo faz parte da nossa cultura, embora diversas iniciativas nas últimas décadas tenham resultados em avanços importantes.
De fato, são necessárias medidas urgentes que deem fim à discriminação e aos estereótipos relacionados às mulheres na ciência. Isso precisa começar pelas próprias gestões das instituições e do setor.
Por exemplo, Apenas 30% das universidades federais têm uma mulher à frente, como reitora. Já o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência de fomento à pesquisa no Brasil, nunca teve uma mulher como presidente.
Nesse contexto, um passo importante foi dado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), que elegeu, pela primeira vez em seus 105 anos, uma mulher para a presidência.
Barreiras estruturais e sociais impedem que as mulheres se empoderem também por meio da ciência. Com a pandemia, as dificuldades tornaram-se ainda maiores e acentuaram as desigualdades de gênero.
É preciso garantir espaço e oportunidades iguais de acesso e de ascensão profissional.
Tornar o ambiente científico mais plural democratizará as iniciativas voltadas à ciência e à tecnologia entre homens e mulheres. Essa sinergia é fundamental para avanços ainda mais profundos.
O desafio está lançado!
Fonte: APUB