O segundo debate do II Encontro Nacional de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação, na tarde desta quinta-feira (06/10), no Auditório do Adufg-Sindicato, começou repercutindo o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, que resultou na retirada de R$ 328,5 milhões do orçamento das universidades federais. A professora Bárbara Coelho, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), foi uma das mediadoras do debate “Diretrizes para retomada de investimentos na ciência nacional” e iniciou sua fala pontuando as consequências do decreto para a Educação, Ciência e Tecnologia.
“Provavelmente, teremos instituições que não aguentarão esses cortes e terão que fechar suas portas. Paralelo a isso, o que se estabelece cada vez mais nestes tempos difíceis é a fuga de cérebros. Pesquisadores, cientistas e professores de destaque saem do Brasil para atuar em instituições e organizações que estão fora do país em busca de melhores oportunidades. Isso é um problema grave”, afirmou a docente.
O 2º vice-presidente do Adufg-Sindicato, professor Luís Antônio Serrão Contim, também mediou o debate e destacou a importância da discussão no atual momento. “Estamos em pleno pleito. Esse é o melhor momento para discutirmos política relacionada à Ciência e à Tecnologia no Brasil. Estamos em uma situação em que o Congresso já tem uma nova composição e teremos uma eleição presidencial no segundo turno. É justamente esse Congresso que acabamos de eleger e o presidente que elegeremos que irão conduzir nossos caminhos”.
Uma das principais problemáticas atuais apontadas pela professora Vera Lúcia Banys, da Universidade Federal de Jataí (UFJ), é o baixo valor das bolsas de Iniciação Científica, o que desestimula os estudantes a ingressarem na área. “É preciso que haja concorrência e interesse dos alunos que são mais capacitados. À medida que há redução das bolsas, a gente vai ter um vácuo no desenvolvimento dos projetos e, consequentemente, isso dificulta o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia dentro das universidades”.
O Pró-Reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Felipe Terra Martins, também participou do debate e, em sua fala, destacou que a hélice quádrupla, que combina a sociedade civil organizada, aliada a universidade, empresas e governo, é o futuro do investimento na pós-graduação. “Isso não apenas para a captação de recursos, mas também na formação dos recursos humanos para entrega de produtos para a sociedade”.
Além deles, o debate contou com a presença do diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Marcos Fernando Arriel, destacando que a sociedade precisa estar envolvida neste processo em busca da valorização da Ciência e da Tecnologia. “Estamos no período de envio das propostas orçamentárias, tanto na esfera estadual quanto federal. Então, é esse o momento de buscarmos voz nas assembleias legislativas e no Congresso para mostrarmos a importância da pesquisa científica e tecnológica. Não adianta apenas discutirmos. É importante atuarmos junto aos atores para que tenhamos uma fatia a mais do orçamento”.
O superintendente de Capacitação e Formação Tecnológica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação, José Teodoro Coelho, também esteve presente e, neste contexto de valorização da Educação e da Ciência, falou sobre uma proposta do Governo de Goiás para criar o Plano Diretor para a Educação Superior do Estado de Goiás 2023-2032. “É preciso pensar de forma prospectiva. Esse Plano traz diretrizes para os próximos dez anos e trata questões importantíssimas, como: evolução das necessidades regionais; acesso, permanência e êxito nas instituições de ensino superior (IES), gestão da educação superior, entre outros”.
Na sexta-feira (07), a programação terá início às 10 horas, com a conferência “Políticas Públicas para a Reconstrução da Ciência e Tecnologia no Brasil”. A partir das 14 horas, será realizada uma reunião técnica. O encontro será encerrado às 17 horas.
Fonte: Proifes Federação