A presidenta da Apub, professora Marta Lícia Teles participou ontem (29/06) da audiência pública “Cotas abrem portas”, convocada pela deputada Dandara (PT-MG) da Frente Parlamentar Mista Antirracismo.
O objetivo da audiência foi compilar avaliação-diagnóstico desses anos de implementação da política de ações afirmativas na Educação, e também apontar caminhos para fortalecer e aperfeiçoar os mecanismos de aplicação das cotas no nosso país. “As cotas na graduação são, sem dúvida, a maior conquista do movimento negro desde a redemocratização. E para chegarmos na síntese dessa ação afirmativa tão importante como a reserva de vagas travamos incontáveis batalhas. Queremos uma educação emancipadora, promotora de direitos, justa e socialmente referenciada”, explicou a deputada.
A professora Marta Lícia esteve na mesa representando o PROIFES-Federação e falou, primeiramente, sobre as contribuições do movimento negro para o movimento sindical. “Por meio de uma escuta atenta à luta dos movimentos sociais e especialmente do movimento negro, que conquistou com muita luta a implementação da política de ações afirmativas e as cotas, que sim abrem portas, para a diminuição da injustiça social; a desconstrução do antigo mito da democracia racial no país; e a possibilidade real de construir a democracia no interior das universidades e institutos federais, pensando acesso e permanência no ensino, pesquisa, extensão”.
Em seguida, Marta afirmou que a Federação se coloca, desde sempre, como aliada para o avanço dessa política, nesse momento de avalição para aperfeiçoamento e principalmente na invenção de novas ferramentas “para que o Estado possa reparar e pagar a dívida histórica de mais de 300 anos de escravidão e tráfico ilegal, mas também a dívida que tem em relação ao período recente de desmonte do Estado brasileiro”, defendeu. Por fim, reafirmou que a assistência estudantil e seu devido financiamento são fundamentais para garantir a permanência de estudantes que ingressam pelas cotas e para que possam contribuir de maneira efetiva na democratização da Universidade, na qualificação da ciência produzida e na consolidação das IFES socialmente referenciadas. E defendeu o rigor, acompanhamento e ampliação das cotas na pós-graduação como mais um passo para esse projeto. Confira aqui a fala de Marta na íntegra.
As duas mesas formadas foram compostas por secretarias, parlamentares e representantes de movimentos sociais, como Márcia Lima, Secretária de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial; Eliel Benites, Diretor de Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas; Lívia Sant’Anna Vaz, Promotora de Justiça do estado da Bahia – MP/BA; Nilma Lino Gomes, professora da UFMG e ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Bruna Brelaz, presidenta da UNE, Douglas Belchior da Uneafro e Givânia Maria da Silva, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Conaq, entre outros.
Assista aqui a audiência na íntegra.