A tarde do segundo dia de atividades da Apub e do Proifes-Federação no Fórum Social Mundial começou com a mesa redonda “Os desafios nas atuais políticas de formação de professores”, que aconteceu no auditório da sede do sindicato. Docentes, membros do Conselho Nacional de Educação e representantes de diversos projetos e entidades relacionadas a formação de docentes estiveram presentes. A presidenta da APUB e vice-presidente do PROIFES Federação, junto com o presidente do PROIFES, Nilton Brandão, também acompanharam as discussões.
A diretora acadêmica da APUB, Raquel Nery abriu o debate como mediadora e apresentou a mesa composta pelos/as docentes Luiz Dourado e Márcia Ângela Aguiar, do Conselho Nacional de Educação, Alessandra Assis (PIBID/UFBA), Hildonice Batista (PIBID/IF Baiano), João Danilo Oliveira (PIBID/UEFS), além da coordenadora institucional do PARFOR/UFBA, professora Silvia Leite e do professor da rede Estadual de Educação Básica, Ramires Fonseca.
Luiz Dourado e Marcial Ângela foram os primeiros a se pronunciarem; enquanto Luiz trouxe uma abordagem voltada para as dificuldades e conquistas na efetivação do Plano Nacional de Educação, que dentre outra medidas conseguiu a exigência do comprometimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) com a educação, Márcia alertou sobre o discurso que está se proliferando no país de que não há mais necessidade de professores e como isso mostra que apesar dos avanços ainda é necessário uma luta mais acentuada. “Precisamos estar cada vez mais atentos, às vezes focamos em coisas específicas, mas é preciso saber que o desmonte da educação se dá em todas as instâncias”, completou.
Em seguida, foi a vez de Ramires Fonseca, que é também egresso do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), interrompido em fevereiro deste ano, relatar a contribuição única do programa na vida e carreira dos seus integrantes, sobretudo no âmbito da significativa relação entre professor e aluno que se constrói através das experiências presenciais e contribui para a formação de um perfil docente desconstruído, politizado e cada vez menos robótico e vazio.
Silvia Leite, professora da FACED/UFBA e coordenadora institucional do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) também ressaltou a importância do projeto na vida dos profissionais de educação bem como as consequências da sua extinção, uma vez que a iniciativa só será mantida, de acordo com a nova medida do MEC, até a formação da última turma, prevista para 2022. “Eu visitei diversas turmas e vi todas cheias, repletas de professores nos quais você consegue enxergar o brilho nos olhos que o conhecimento promovido pela licenciatura dá a eles, é uma transformação pessoal e profissional que, infelizmente, não existirá mais”, lamentou.
Hildonice Batista, por sua vez, protestou a favor de um PIBID mais inclusivo e João Danilo Oliveira reforçou a manifestação prática do lema do Fórum Social Mundial: “resistir, criar e transformar”. Por último, Alessandra Assis refletiu cronologicamente sobre as grandes perdas que os projetos de formação de professores sofreram desde o golpe. “É impressionante o quanto estamos sendo atropelados desde o início desse governo, o desmonte da educação tem sido tão grande que chega a atingir as bases da democracia”, afirmou.
A professora Raquel, desde o início, havia ressaltado a necessidade de registrar as conclusões e possíveis ações de enfrentamento aos problemas que foram apresentados durantes as falas dos convidados da mesa. Ao fim, foi este o encaminhamento: os presentes montaram uma comissão com o intuito de elaborar uma carta aberta que sintetize todas as atuais perdas e falhas nas políticas de formação de professores. O documento deve ficar pronto antes da próxima audiência pública, dia 23 de março, e tem o intuito de dar visibilidade e emplacar o assunto na agenda de debates sociais.
Ao final, o público que compareceu a atividade também teve oportunidade de falar e expressar suas contribuições em relação ao tema.