As mulheres podem (e devem!) revolucionar a ciência nos próximos anos

Além de superar o desmonte promovido pelo Governo Federal na ciência, é preciso buscar soluções para ampliar a participação feminina nesta área. Apesar do aumento do número de mulheres na área da ciência nas últimas décadas, o sexismo, principalmente no ensino superior, é um empecilho que precisa ser combatido urgentemente. 

Estima-se que, a cada quatro homens, apenas uma mulher  consegue um emprego na área de STEM, que engloba ciência, tecnologia, engenharia e matemática. É preciso mudar essa realidade, pois várias profissões do futuro estarão em torno desses segmentos, enquanto outras deixarão de existir.

Ampliar a participação feminina nas áreas de STEM significa combater sérios problemas estruturais da nossa sociedade, como o preconceito de gênero, o machismo e o já citado sexismo. Poucas mulheres ocupam cargos de liderança nesses setores, o que agrava ainda mais este quadro.

O estudo “Uma equação desequilibrada: participação crescente de mulheres em STEM na ALC (América Latina e Caribe)”, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a entidade de Educação e Cultura do governo britânico British Council, reforça que a desigualdade de gênero nas atividades de ciência e pesquisa precisa ser superada. O relatório destaca os problemas provocados pela chamada “segregação vertical”.

A “segregação vertical” ou “segregação ocupacional” tem a ver com a hegemonia masculina em funções de comando. Isso explica, por exemplo, as razões que levam muitas mulheres a se afastarem das áreas STEM, uma vez que não conquistam reconhecimento e são desencorajadas, tanto profissionalmente quanto intelectualmente.

Desafios

Para ampliar a participação feminina no universo STEM, é preciso uma mudança cultural em toda a sociedade, sobretudo nas escolas. Há uma carência de informações sobre as possibilidades de atuação nessas áreas e a ausência de uma preparação maior no ensino básico. Nas escolas públicas, a falta de infraestrutura e de profissionais qualificados também são agravantes  para provocar o desinteresse.

Para reverter este quadro, é preciso estimular a conscientização sobre o potencial dos estudos STEM. É essencial superar essa crença de que são áreas masculinas. O lugar da mulher é onde ela quiser e seu papel é decisivo para o progresso da ciência.

Neste ano, o projeto “Meninas Baianas na Ciência”, da Fiocruz Bahia, foi uma das iniciativas selecionadas na segunda chamada do “Garotas STEM: formando futuras cientistas”, do programa Mulheres na Ciência, do British Council, em parceria com a Fundação Carlos Chagas.

A partir de iniciativas como essa, que precisam de incentivo dos governos e de outras instituições, é  possível fortalecer a participação feminina nesses segmentos.

A esperança de uma mudança de paradigma ganha força com um fato histórico. Com 105 anos de história, pela primeira vez, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) é presidida por uma mulher, a biomédica Helena Bonciani Nader. Este, certamente, pode ser o ponto de partida para uma importante virada de jogo.

Fonte: APUB

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