Bolsonaro reduz educação e ciência, mas dobra a circulação de armas e aumenta a violência

Bolsonaro reduz educação e ciência, mas dobra a circulação de armas e aumenta a violência
Bolsonaro reduz educação e ciência, mas dobra a circulação de armas e aumenta a violência

“Tiroteio termina com um baleado na UFBA” é o título de uma notícia que relata como homens armados trocaram tiros com a polícia dentro da Universidade Federal da Bahia, no dia 27 de julho.

O fato só não se tornou uma grande tragédia porque a comunidade acadêmica ainda estava em isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, sem atividades presenciais.

Mas a situação é sintomática. No Brasil atual, a coisa anda cada vez pior. 

Uma das poucas promessas feitas na eleição de 2018 e cumprida por Jair Bolsonaro foi armar a população. De 2019 para 2020, o número de armas circulando nas mãos de civis dobrou. Não por coincidência, cresceu também a violência no Brasil nesse período.

Enquanto impostos para importação de armas e munições são zerados, a educação e a ciência sofrem com orçamentos cada vez menores. Uma questão de prioridades.

Garotos propaganda da morte

Ao contrário do que se esperava, houve mais homicídios em 2020 do que no ano anterior, mesmo com uma parcela significativa de pessoas ficando em casa para evitar o contágio por Covid-19.

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 50 mil pessoas perderam suas vidas em mortes violentas e intencionais no período, 4% mais do que no ano anterior.

Destas mortes, 78% foram cometidas com armas de fogo. Em 2020, 186 mil armas novas foram registradas pela Polícia Federal, o dobro de 2019.

Enquanto o presidente e seus filhos atuam como garotos-propaganda (merchandising de graça?), as fabricantes aumentam seus lucros e os grupos criminosos têm o acesso mais facilitado a armamentos pesados – sem falar nas que são desviadas das forças de segurança (basta ver a quantidade de notícias sobre apreensão de armas e munições de uso exclusivo das Forças Armadas).

Não é de estranhar que um presidente intimamente ligado a grupos milicianos no Rio de Janeiro e a neonazistas coloque em risco a segurança dos brasileiros.

Bolsonaro recebeu uma deputada alemã neonazista, neta de um ex-ministro de Hitler, hesitou em demitir um secretário de Cultura que imitou a estética nazista em um vídeo oficial (ele só caiu por causa da pressão popular e da mídia) e seu assessor especial é réu por ter feito um gesto white power (supremacista) em uma sessão do Senado.

A ligação entre Bolsonaro e neonazistas é antiga (um estudo recente mostrou o apoio histórico desses grupos a Bolsonaro ao longo de sua carreira), assim como o envolvimento de aliados com grupos extremistas nacionais e internacionais.

Existe um setor extremista articulado em torno da figura do presidente Bolsonaro, que estimula o encontro nocivo entre ideais autoritários, conspiratórios e neonazistas com uma parte da população cada vez mais armada.

Isso é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento na cara da sociedade brasileira, ainda mais diante das ameaças que ele tem feito reiteradamente ao sistema eleitoral, deixando evidente que o único resultado que ele vai aceitar nas eleições de 2022 é sua própria vitória.

É uma ideia muito semelhante ao que tentou fazer Donald Trump nos Estados Unidos, após ser derrotado nas eleições no final de 2020. Apoiadores radicais e supremacistas armados tentaram invadir o Capitólio (equivalente ao nosso Congresso Nacional) para impedir que fosse empossado o candidato vitorioso, John Biden. 5 pessoas morreram e dezenas foram presas (e abandonadas por Trump) e podem pegar penas duríssimas.

Violências

Em comparação com 2019, houve aumento de 6% na quantidade de civis mortos pela polícia, em 2020.

 Desde que começaram as medições, agentes de segurança nunca mataram tanto no Brasil como atualmente, por mais que Bolsonaro exponha frequentemente seu desejo de oferecer ainda mais impunidade aos policiais (como a malfadada tentativa de aprovar a aberração chamada de “excludente de ilicitude”, que era um cheque em branco para agentes de segurança matarem sem serem processados).

Mas essa política de violência e mortes tem outros reflexos. Policiais também são atingidos: em 2020 foram 194 mortos nessa categoria que o Governo Federal diz proteger.  

Nem crianças são poupadas: 267 de até 11 anos foram assassinadas no Brasil em 2020 (muitas em incursões da polícia em comunidades pobres), um crescimento de 1,9% em relação ao ano anterior. Já entre os adolescentes, outro aumento, de 3,6%.

Também houve aumento na violência doméstica, em outro reflexo das políticas e da ideologia defendidas pelo político Jair Bolsonaro. O número de denúncias de violência doméstica aumentou 16,3% em 2020, e equivale a uma ligação para a polícia por minuto no Brasil.

Armas em vez de livros

É evidente que o governo Bolsonaro não pretendia diminuir a violência no Brasil, uma de suas principais bandeiras (ou enganações) eleitorais, já que ele não tinha (e ainda não tem) nenhum projeto para resolver problemas estruturais da sociedade. E a piora em todos os índices relativos à segurança pública no país comprovam isso.

O que importa para o presidente e seus apoiadores é armar uma parcela da população cada vez mais embrutecida e paranoica, para usá-los como bucha de canhão, caso ele seja derrotado nas urnas em 2022.

Fonte: APUB

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