A pandemia do novo Coronavírus, inegavelmente, revelou a importância da ciência, do avanço da tecnologia e, principalmente, do investimento nas pesquisas. Essa tríade foi adotada por vários países no mundo para enfrentar a crise sanitária, que já completa dois anos. Mas, infelizmente, o Brasil aparece com índices insignificantes na comparação mundial.
Segundo o estudo “Políticas Públicas para Pesquisa e Inovação em Face da Crise da Covid-19”, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), países como a Alemanha e o Canadá criaram fundos de investimentos para apoiar empresas inovadoras em iniciativas voltadas a minimizar os impactos da Covid-19. Já o Reino Unido e os Estados Unidos estão investindo diretamente em pesquisa e conhecimento.
De acordo com o estudo do Ipea, o Canadá está destinando 11,8% de seu orçamento federal em P&D para ações em pesquisa e inovação contra o novo Coronavírus. O Reino Unido, 10,8%; a Alemanha, 6,3%; e os Estados Unidos, 4,1%.
Outro levantamento, também do Ipea, indica que “o governo federal investiu em 2020 em ciência e tecnologia menos recursos do que aplicava no setor em 2009. O patamar em 2020 foi de R$17,2 bilhões, ante R$ 19 bilhões há doze anos, em valores corrigidos pela inflação do período. O menor investimento em ciência dos últimos 12 anos”.
Mesmo antes de serem eleitos, Jair Bolsonaro e os membros de seu governo já desqualificavam a universidade e o conhecimento científico produzido nelas. Ou seja, não é novidade que eles valorizam a ignorância.
Mas tanta ignorância tem levado o Brasil para um caminho maior ainda de recessão, empobrecimento, desemprego recorde e miséria.
Investimentos em pesquisas refletem o crescimento econômico e social de um país. As vacinas contra a Covid-19 – que foram desenvolvidas em tempo recorde e passaram por severos processos de testes antes de serem aplicadas em massa – são exemplo, porque deram condições para que o Brasil comece sua retomada econômica, apesar do desastre causado pelas escolhas do governo Bolsonaro.
Quem lidera?
Pela primeira vez, a China superou os Estados Unidos. Há vinte anos, a produção científica chinesa era quase seis vezes menor do que a norte-americana. Em 2001, os EUA tinham 373,5 mil artigos científicos publicados, contra 65,6 mil da China. Em 2020, cientistas ligados a universidades, institutos e hospitais chineses publicaram 788 mil artigos científicos, em todas as áreas do conhecimento. Isso equivale a uma média de 90 resultados científicos novos por hora publicados em trabalhos acadêmicos.
As áreas de conhecimento lideradas pela China são a biologia molecular e a farmacologia, principalmente com pesquisas relacionadas diretamente à Covid-19. No entanto, o país também está em primeiro lugar no mundo em assuntos como astronomia, agricultura, ciências da computação e engenharias.
E o crescimento se deve a política de incentivo ao ensino superior, que começou na década anterior. A China passou a investir pesadamente em um grupo de universidades de excelência em pesquisa. Duas dessas universidades estão entre as melhores do mundo: a de Pequim e a de Tsinghua, que estão empatadas em 16º lugar na última edição do ranking universitário global Times Higher Education (THE), um dos mais renomados. Há uma década, essas instituições estavam, respectivamente, em 46º lugar e 52º lugar no mundo na mesma lista.
Junto com os avanços no campo científico, vieram também o crescimento econômico (entre 1978 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu de US$ 150 bilhões para US$ 12,2 trilhões); o país tirou 740 milhões de pessoas da pobreza; e de 2010 a 2016, a quantidade de estudantes chineses no exterior pulou de 284 mil para 540 mil.
Estatisticamente, jovens chineses nascidos a partir dos anos 2000 têm o dobro de chances de se tornarem proprietários de um imóvel do que os jovens norte-americanos.
A ciência muda a vida.
Fonte: APUB