Mais de 800 comitês já estão formados em todo o país trabalhando na campanha do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político, visando garantir uma votação maciça durante a Semana da Pátria (de 1º a 7 de setembro). Este balanço foi apresentado pelas entidades do movimento sindical, popular, estudantil e social, reunidas durante a 14ª Plenária Nacional da CUT, realizada na semana passada, em São Paulo.
Em defesa da proposta, na primeira semana de setembro os movimentos sociais irão às ruas para que os brasileiros respondam se são favoráveis a uma constituinte sobre o sistema político. A expectativa é reunir 15 milhões de votos nessa campanha, cinco milhões a mais do que o plebiscito que derrubou o projeto de Área de Livre Comércio das Américas (Alca) arrecadou em 1994. Proposta originariamente apresentada pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações ocorridas em junho de 2013, ela acabou “engavetada” por pressão do atual Congresso e de setores conservadores que não querem a ampliação da democracia.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) assumiu o compromisso de colocar a militância em defesa da consulta popular e disponibilizar uma urna em cada local de trabalho. Para o presidente da Central, Vagner Freitas, os trabalhadores chegaram ao governo, mas estão longe de ter o poder: “O estado que está aí não é o que queremos. Os poderes ainda estão nas mãos da burguesia, porque não mexemos nas estruturas”. Muitas das lideranças de entidades juvenis que protagonizaram as manifestações de junho do ano passado participam da campanha, como o Levante Popular, representado pelo militante Ronaldo Schaeffer, explicando que “não podemos voltar ao neoliberalismo, mas também não podemos nos contentar com a política que o governo está tentando implantar”.
O entendimento comum entre os articuladores da campanha é de que a mudança do sistema político é o primeiro passo para fazer outras reformas essenciais, como a tributária, agrária e da comunicação. Observa-se, ainda, que há uma disparidade entre a sociedade brasileira e a representação do povo no Congresso, conforme revela a coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres, Sônia Coelho: “No Brasil, as mulheres são 52% da população, mas temos apenas 8,77% na Câmara Federal e 15% no Senado. Queremos avançar com igualdade em um modelo que altere as relações de poder”. A situação é parecida para a população negra: dos 513 deputados, só 43 se reconhecem como negros. No Senado são apenas dois.