“O Congresso do Povo desafia nosso poder de organização e de proposição para construir um país onde as mulheres não sejam violentadas, onde a juventude não seja assassinada e o povo não seja explorado” foi a afirmação de Milton Rezende, secretário executivo da CUT Nacional, na mesa de lançamento do Congresso do Povo.
A atividade foi realizada na tarde de hoje (15) na Faculdade de Direito da UFBA, como programação do Fórum Social Mundial, e a mediação ficou por conta da professora Luciene Fernandes, presidenta da Apub Sindicato e vice-presidenta do Proifes-Federação. Na mesma ocasião, também foi realizada o debate sobre o Projeto Brasil Popular. Luciene, que participa do GT-Educação do Projeto, falou da importância das duas iniciativas nesta conjuntura e colocou a necessidade de integrar o maior número de organizações e regiões do país, que abrigam distintas realidades.
A secretária de comunicação da União Nacional dos/as Estudantes, Nágila Maria iniciou sua fala, assim como os outros convidados, em tom de tristeza e luto pelo assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, mulher preta e militante em diversas frentes pelos direitos humanos. A estudante enfatizou a crise que o Brasil enfrenta e as sucessivas derrotas que o povo vem sofrendo. Para ela, a disputa da consciência da população é a principal tarefa dos movimentos e organizações políticas. “Não podemos subestimar a capacidade de nosso povo propor um projeto que aponte saídas para esta crise”, ressaltou ao falar dos objetivos do Congresso do Povo.
Para apresentar o Projeto Brasil Popular, Márcio Pochmann, da Fundação Perseu Abramo, abriu a segunda mesa de debate. O economista alertou para a necessidade da unidade de ideais do campo progressista em torno de um projeto de desenvolvimento nacional, não apenas que retome a economia, mas principalmente que seja voltado para o povo e construído por ele. Pochmann falou ainda de três normalidades que compõem o Brasil: a ausência democrática, a dependência externa e a ausência dos pobres no orçamento público. “O povo precisa participar e estar incluso no orçamento público. A principal característica deste projeto golpista é tirar o povo do orçamento”, conclui.
Juliane Furno do GT de Juventude do Brasil Popular caracterizou o desenvolvimento deste projeto como, antes de tudo, uma tarefa revolucionária, haja vista o Brasil não ter sido concebido para ser uma nação. E esta tarefa precisa dar respostas conjunturais, mas prioritariamente produzir um conteúdo de longo prazo que atenda às necessidades históricas do nosso povo. Ela explica que este será um instrumento pedagógico para o trabalho de base de formação política da população, e que a partir deste diálogo se produza sínteses sobre variados temas. Ao fim, o projeto deve representar a diversidade do povo brasileiro. “A gente quer, em última instância, ser dono do nosso destino”, assegura.
Em consonância com Juliane, José Antônio Moroni do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) caracterizou o PBP como uma estratégia de discussão sobre o futuro do país. Segundo explicou, o mais importante é o processo de construção com as forças populares. Além disso, afirmou que o projeto é um espaço de diálogo para resolver as contradições no campo da esquerda. Trouxe o exemplo do pensamento punitivista, o qual muitos ainda reproduzem. “Quem está indo para esse sistema carcerário são os trabalhadores, os negros e as negras. Como pensar a questão da segurança com um sistema de justiça extremamente elitista?”, refletiu. Por fim, explicou que para a execução do projeto são 30 grupos de trabalho, em torno de cinco novos paradigmas: 1.Vida boa para todos e todas (princípio da igualdade); 2.Bens comuns (romper a questão da privatização de todos os bens; 3.Igualdade e diversidade; 4. Democracia, participação e autonomia; e 5. Soberania nacional e desenvolvimento.