Todas as recentes modificações de leis, com argumentos de flexibilização e maior liberdade de negociação, têm se mostrado armadilhas para se tirar direitos importantes dos trabalhadores. O ataque ao DRT de artistas e técnicos tem a pele de cordeiro do argumento de maior liberdade para se exercer a profissão, mas o lobo por baixo disso desqualifica a formação desses profissionais e, ao contrário da tão propalada liberdade, o que provavelmente acontecerá será uma invasão de amadorismos e negociações espúrias em contratos e cachês.
O certo seria o contrário: endurecer a possibilidade de se ter um DRT, com maiores exigências, e termos um sindicato alinhado que exigisse que qualquer trabalho na área tivesse um piso para pagamentos por atividades artísticas. Artistas e técnicos têm sido explorados, diversas vezes, e são desamparados quanto ao seu ofício.
Portanto, essa ameaça em relação ao DRT só virá reforçar a forma como a arte vem sendo tratada nesse país, que se fosse um país sério estaria, sim, era discutindo o ensino obrigatório de artes no primeiro e segundo grau, bem como fomentando a economia criativa que poderia fazer o capital girar muito mais se tivesse um investimento minimamente digno em sua solidificação.
Gil Vicente Tavares, diretor artístico do Teatro NU