Aconteceu na noite de ontem (04), na universidade federal do Rio Grande do Norte, a abertura do XII Encontro Nacional do Proifes-Federação, que vai até o dia o dia 07 de agosto. O evento foi marcado por considerações com a conjuntura política do Brasil e seus impactos na educação pública e o papel do movimento sindical docente diante desse contexto.
Após apresentação musical do irreverente grupo vocal Acorde, projeto de extensão da UFRN, a mesa de abertura foi formada pelo presidente do Proifes Eduardo Rolim (ADUFRGS- Sindical), o presidente da ADURN Sindicato, Wellington Duarte, Carlos De Feo (CONADU), Ângela Paiva, reitora da UFRN, Maria do Rosário de Oliveira (Atens), Marco Antônio de Oliveira, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do IFRN.
Antes das falas da mesa, a plateia se manifestou com cartazes e palavras de ordem contra o governo interino de Michel Temer. A questão foi retomada por Wellington Duarte ao apontar que “a luta pela democracia neste país é constante” e ressaltou a importância de consolidar a Federação como espaço de luta plural. “Longa vida ao Proifes-Federação e viva a Democracia”. A necessidade de fortalecer laços foi abordada por Carlos De Feo, que trouxe a perspectiva internacional citando a situação da Argentina e a retomada do neoliberalismo na América Latina. A reitora Ângela Paiva focou nas ameaças à educaçãol e à universidade pública diante de uma política de retrocessos que “não leva em conta que educação é investimento”. Ela apontou que o governo interino ainda não mostrou todas as medidas que pretende tomar se o impeachment for consolidado e que era necessário que universidade, sindicatos e movimentos organizados estivessem unidos na defesa da educação pública, de qualidade e inclusiva. “Temos que defender que a educação, ciência e tecnologia são políticas de Estado, um Estado que quer crescer e se desenvolver”. O tema da unidade no movimento docente também foi trazido por Eduardo Rolim ao dizer que este era um momento de resistência e independentemente de posições políticas era preciso estar junto “num projeto comum de defesa da universidade pública”. Ele fez críticas ao governo interino, que age como definitivo, e lembrou que o Proifes não sentou-se à mesa com ele. Afirmou que o Proifes é um novo movimento docente, plural e com diferentes visões, mas que a entidade “não aceita retrocesso, quebra na institucionalizado democrática ou retirada de direitos”.
Palestra de Márcia Tiburi
A abertura do encontro contou também com palestra da professora e filosofa Márcia Tiburi com o tema “Democracia e Intolerância”. Ela trouxe algumas reflexões sobre o momento vivido pelo país e o que poderia ser feito, da perspectiva dos docentes. Baseando-se no conceito do “vazio de pensamento”, Márcia Tiburi apontou que este vazio, no sentido da ausência de reflexão a respeito do que está dado na sociedade, está presente na nossa vida cotidiana. Segundo ela, a própria conjuntura política é uma das consequências desse “vazio”, no caso, o esvaziamento da política. Uma das razões para isso seria a “elitização do pensamento” e a transformação do conhecimento em mercadoria. Ela apontou a responsabilidade da categoria docente diante desde contexto e sugeriu algumas ações de enfrentamento como o engajamento em movimentos sociais e participação política, inclusive com filiação a partidos para ocupar os espaços institucionais.