É sobre a indiferença com essa pauta que os professores realizaram o debate sobre Direitos Humanos e suas perspectivas no movimento sindical, realizado neste sábado, 03, no XV Encontro Nacional do PROIFES-Federação, que acontece em Belém, capital paraense.
Nas mais diversas intervenções, delegados e observadores dos sindicatos federados ressaltaram a necessidade de superar a ideia estereotipada sobre Direitos Humanos que há no Brasil, especialmente diante do quadro atual de polarização ideológica, aproximando as Instituições Federais de Ensino Superior, os seus docentes e o meio acadêmico às questões relacionadas a esta temática.
A perspectiva é de que as propostas apresentadas e amplamente discutidas no Encontro sejam importantes contribuições para a mobilização de novas frentes do movimento docente, de ampliação do diálogo com a sociedade e as questões que afligem a classe trabalhadora em tempos de aprofundamento do fascismo e ampliação do Estado de Exceção.
Pessoas com deficiência
A partir da ideia de que o campo de Direitos Humanos nos convida a refletir a partir da condição de um conjunto de violações que caracterizam a sociedade brasileira, o professor Nildo Ribeiro (APUB-Sindicato) fez a apresentação do texto Barreiras arquitetônicas universidade. “Não é concebível defender a inclusão social para pessoas com deficiência sem defender a acessibilidade. Não podemos permitir no Brasil um modelo de segregação das pessoas com deficiência que não garanta direitos fundamentais”, pontuou.
Democracia e Educação em Direitos Humanos
Defendendo que a educação em Direitos Humanos é essencial na construção de sociedades democráticas, a professora Luciene Fernandes (Apub Sindicato) realizou a exposição do texto sobre a temática, escrito em conjunto com os professores Maurício Uzêda (Apub/IFBA) e Nildo Ribeiro, diretor da Apub e do PROIFES. “Para a luta contra regimes autoritários, é necessário que os direitos humanos tenham um papel estruturante no ensino e na educação”, avaliou.
Sofrimento no trabalho em educação
A realização de um levantamento sobre a saúde mental dos trabalhadores em educação para aproximar as ações sindicais da vivência do sofrimento no trabalho foi proposta pelo professor Alex Reinecke de Alverga (ADURN-Sindicato) na abertura da mesa sobre Direitos Humanos e suas perspectivas no movimento sindical.
Para o professor, é preciso “levantar a discussão sobre a importância da temática da saúde mental dos trabalhadores em educação ser considerada como tema de vital relevância para o movimento sindical”.
Gênero, carreira e a ciência
A discussão dos obstáculos à ascensão feminina na carreira científica que passam pela imposição social de múltiplas funções às mulheres, geralmente únicas responsáveis pela criação dos filhos, foi trazida ao debate pela professora Luciana Aparecida Elias (ADUFG Sindicato). “Precisamos fazer uma ciência com mulher, um sindicato com mulher, um mundo com mulher, onde o problema da mulher seja um problema da sociedade”, ressaltou.
Violência contemporânea
Que tiro foi esse? Com esse questionamento e a assertiva de que o Brasil é um país violento, o professor Oswaldo Negrão, diretor do ADURN-Sindicato e do PROIFES-Federação, conduziu o debate sobre a violência e seus impactos no campo da saúde e dos Direitos Humanos a partir de uma análise sobre a violência contemporânea.
Determinadas por valores sociais, culturais e históricos, as principais causas de morte no Brasil foram apresentadas a um conjunto de professores delegados e observadores de todas as regiões do país.
“Nós estamos numa guerra civil não declarada”, afirmou. Ele propôs um posicionamento efetivo do PROIFES em defesa do Estatuto do desarmamento e a realização de um Encontro Nacional de Direitos Humanos com o tema “Cultura da Paz e Direitos Humanos”.
Desafios GT Educação
A criação de um grupo específico de educação infantil no âmbito do GT Educação, para discutir particularidades da área e a realização do II Encontro de Educação Infantil em 2020, foi proposta pela professora Fernanda Almeida (Apub Sindicato).
O texto, escrito conjuntamente com a professora Thais Madeira (ADUFSCAR-Sindicato), Isaura Brandão (ADURN-Sindicato) e Matilde Alzenir (ADUFSCAR Sindicato) levanta a necessidade de “criar estratégias de ações conjuntas a fim de melhorar as condições de trabalho das professoras e professores deste segmento”.
O direito à profissão de fé
“O óbvio deve ser dito, pois na naturalização das ações perpetuam formas de opressão de uma verdade única indiscutível”. Sob essa perspectiva, a professora Rosângela Gonçalves de Oliveira (Sindiedutec-Sindicato), apresentoua o texto “Sindicatos e o estado laico: uma pauta necessária na garantia do direito de profissão de fé em tempos fundamentalistas de culturas colonialistas”.
Ao final da exposição do texto escrito em conjunto com o professor Adriano Willian Silva, a professora recomendou que o PROIFES e sindicatos federados se empenhem em construir ambientes laicos.
Fonte: PROIFES-Federação