Em palestra, ex-ministro Aldo Rebelo afirma que retomada do desenvolvimento é a agenda capaz de unir o país

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O ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e dos Esportes, Aldo Rebelo, esteve na noite de 23 de novembro no auditório da Escola Politécnica da UFBA para proferir a palestra “Conjuntura Nacional e os Impactos na engenharia e tecnologia”. A mesa de abertura foi composta pelo presidente do Senge-BA, Engº Civil Ubiratan Félix, pelo vice-presidente da Apub Sindicato e professor da Escola Politécnica, Ricardo Carvalho, George Arléo, diretor do Sindipetro-BA, a deputada estadual Maria del Carmen, a Senadora Lídice da Mata, o vice-presidente do Crea-BA, Luciano Hocevar e o reitor da UFBA, professor João Salles.

Nas saudações iniciais, o professor Ricardo Carvalho abordou os ataques à soberania nacional e à liberdade de pensamento dentro da própria universidade: “tivemos acontecimentos que não são propriamente afeitos à vida universitária. Isso tem preocupado bastante toda a comunidade. A realização desse evento é um marco na luta da defesa da universidade como um ambiente no qual você pode pensar e expressar e apontar os caminhos da renovação cultural da sociedade forma livre”, disse. Representando o Crea-BA, Luciano Hocevar parabenizou a todos/as pela realização do evento e lembrou a importância de se discutir a engenharia e a indústria nacional como fundamentais para a independência e soberania do país. Ainda em torno desse tema, o dirigente do Sindipetro George Arléo alertou para a perda da cadeia produtiva de óleo e gás que o Brasil vem enfrentando com a redução do conteúdo nacional, além das perdas de postos de trabalho. A deputada Maria del Carmen falou sobre a dificuldade de mobilizar para o debate e falou sobre seu trabalho na Frente Parlamentar em defesa da engenharia na Assembleia Legislativa da Bahia; a senadora Lídice da Mata afirmou estar acompanhando os trabalhos da Frente em âmbito nacional, colocando-se à disposição para o debate, principalmente nesse momento em que o Congresso se prepara para votar a Medida Provisória 795, que reduz a carga tributária de produtos importados para a exploração de petróleo. O reitor João Salles saudou o debate como um ato de resistência, uma vez que “a universidade tem sido alvo de um conjunto sistemático de ataques”. Por fim, o presidente do Senge-BA Ubiratan Félix falou sobre a capacidade de resistência e necessidade de continuar a luta: “só perde quem desistiu de lutar. Esse é o nosso desafio, temos que criar um consenso em torno de um projeto nacional, para uma reação ao que está colocado”.

O ex-ministro Aldo Rebelo iniciou sua fala afirmando que o Brasil passa por um momento de profunda desorientação, não apenas do ponto de vista econômico, mas em diversos aspectos como de prioridades, de projeto e aspirações: “fomos marcados por uma ruptura institucional recente, que deixa suas marcas”, disse. Para ele, o país se debate em torno de uma agenda que fragmenta, como a polarização política entre “direita” e “esquerda” e, consequentemente, as questões centrais que deveriam estar em discussão – como que projeto de país queremos – ficam à margem desse processo.

A solução, segundo ele, seria unir diversos atores e campos sociais em torno de uma agenda comum – e a retomada do crescimento e do desenvolvimento seria o tema capaz de reunir amplas forças sociais e econômicas. E a engenharia tem um papel fundamental nessa retomada: “não existe saída fora do desenvolvimento e não há desenvolvimento sem a engenharia nacional”, afirmou. Ressaltou ainda que o desenvolvimento não pode ser uma agenda puramente econômica, mas deve estar relacionado à discussão sobre a soberania nacional, à capacidade científica e tecnológica e também ao surgimento de um sentimento de orgulho e esperança na população.

Entre os desafios para o crescimento, Aldo Rebelo destacou a necessidade de melhor a capacidade de defesa do país e vigilância de nossas fronteiras, a redução das desigualdades sociais – que passa pela efetiva universalização de uma educação pública de qualidade – e a retomada da democracia. Esta, para além do voto, significa também “o debate e discussão de ideias sem essa carga de intolerância que muitas vezes se vê nas redes sociais”. São desafios que não serão resolvidos apenas pelos partidos políticos, mas exigirão um esforço de toda a sociedade. “Isso pode dar ao Brasil a retomada de um protagonismo que nós estamos perdendo”.

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