Especialistas alertam para riscos do avanço neoliberal na Educação da América Latina

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Brasil e outros países têm enfrentado suporte político de governos que favorecem interferências do setor privado no ensino

Diferentes países próximos ao Brasil enfrentam problemas relacionados aos avanços neoliberais sobre seus sistemas educativos, que atuam para ampliar a privatização do ensino em todos os níveis. Para tratar do assunto, o XVIII Encontro Nacional da Proifes-Federação reuniu nesta quarta-feira (13/07), especialistas em educação que traçaram um panorama do ensino na América Latina (IEAL). “Há um processo de privatização da educação, que começou antes mesmo da pandemia de Covid-19. É algo que tem se instalado em toda a América Latina, em diferentes níveis”, alertou o coordenador regional da Internacional da Educação para a América Latina, Combertty Rodríguez.

Na visão de Combertty, há suporte político de governos que querem dar legitimidade ao comércio educativo. “Temos a presença de setores privados que estão definindo a política pública educativa nesses países. É temerário”, destacou. 

A mesa, contou com a participação de Enio Pontes, diretor do GT de Ciência & Tecnologia do PROIFES e com o  presidente da IEA, Hugo Yaski, que explicou sobre como os movimentos populares precisam resistir contra o processo. “É preciso consolidar as forças progressistas para que tenhamos uma América Latina livre, unida, independente e sem fascismo”.

A secretária de Relações Internacionais da Federação Nacional de Docentes Universitários da Argentina (Conadu), Yamile Socolovsky, por sua vez, alertou que o avanço do setor privado na educação é preocupante. “A pandemia sozinha já trouxe um grande volume de precarização das condições de trabalho no ensino superior. Foi um impacto muito grande. A educação não pode ser pensada sob o aspecto neoliberal. Educação é uma força estratégica que contribui com o avanço da soberania de qualquer país”, defendeu.

Para o secretário de Relações Internacionais da Confederação dos Trabalhadores da Educação da Argentina (CTERA), Eduardo Pereyra, o grande desafio para a educação nos próximos anos estará no campo político. “Como trabalhadores dessa área, precisamos saber qual o compromisso político que vamos vivenciar em nossos países. Precisamos de uma educação inclusiva, que seja feita para todas as pessoas”, destacou.

O secretário geral da Conadu, Carlos de Feo, lembrou da importância da mobilização dos trabalhadores para evitar mais retrocessos. “Creio que a América Latina está se preparando para uma época de ressurgimento dos movimentos populares”.

Brasil

Problemas enfrentados especificamente no Brasil também foram abordados durante a discussão. “Estamos diante de um governo que incentiva a violência. Não é natural um presidente que acredita que armar a população é a solução para as questões do País”, declarou o diretor de Relações Internacionais da Proifes-Federação, Eduardo Rolim.

A vice-presidente da IEAL e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fátima Silva, falou sobre os ataques do governo Bolsonaro ao ensino público. “Além de não cumprir as metas, tivemos redução no financiamento da educação, sem falar da inflação e do desemprego. Precisamos de muita união para conseguir avançar nas pautas em defesa da educação e dos serviços públicos”, concluiu.