Governo Lula enfrentará “herança maldita” de Bolsonaro também na saúde

Após quatro anos de cortes em políticas sociais, tentativas de golpe, privatizações e destruição das instituições de Estado, o fim do governo de Jair Bolsonaro trouxe muitas alegrias para a população, mas também preocupação com a chamada “herança maldita” que deixará para seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Além do rastro de aparelhamento das instituições públicas e da gigantesca dívida fiscal que herdará (especialmente pelos gastos multibilionários na tentativa fracassada de Bolsonaro tentar garantir sua reeleição), o governo Lula também enfrentará dificuldades grandes na área da saúde.

A desastrosa gestão da pandemia de Covid-19 por Bolsonaro e seus asseclas ainda traz consequências graves à saúde dos brasileiros, situação agravada pelo desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS) implementado pelos governos de Temer e Bolsonaro.

Para piorar, cortes orçamentários na pasta foram constantes. Por isso, a luta pela recomposição dessas verbas e investimentos deverá ser uma das prioridades do próximo governo.

Menor orçamento em dez anos

Segundo a proposta de orçamento enviada por Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional no final de agosto, e que será votada em dezembro, os cerca de R$ 150 bilhões destinados à Saúde em 2023 constituem o valor mais baixo nos últimos dez anos, segundo dados do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

A proposta de Bolsonaro representa um corte de R$ 22,7 bilhões em relação ao já combalido orçamento de 2022 – excluídos os gastos relativos à Covid-19.

Como demonstra o CNS, os cortes impactam diretamente políticas de imunização e vacinação, que tiveram diminuição de R$ 5 bilhões, bem como ações de saúde indígena, cujo orçamento foi cortado de R$ 1,4 bilhão para R$ 609 milhões, mostrando a falta de compromisso do atual governo com os povos originários.

Volta da poliomielite

Graças ao negacionismo e à falta de políticas sérias de saúde por parte do governo Bolsonaro, o país vive uma situação difícil também em relação à vacinação de sua população, e não apenas no que diz respeito ao combate à Covid-19.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o Brasil apresenta “risco muito alto” de reintrodução da poliomielite, doença considerada erradicada em 1994 após massivas campanhas de vacinação.

Em 2021, a imunização contra a doença foi de apenas 67,1%, uma redução de 31,1% em comparação com o ano de 2015, durante o governo Dilma, quando a cobertura foi de 98,29%, segundo o próprio Ministério da Saúde.

É um gigantesco retrocesso, causado por extremistas que não têm nenhum apreço pela vida da população e desprezam a ciência porque lhes convém esvaziar o pensamento crítico da sociedade.

Ao incentivar seus apoiadores a não tomar a vacina contra a Covid-19, Bolsonaro contribuiu para que muitos morressem desnecessariamente e, para piorar, criou um sentimento negacionista que afeta a decisão de pais protegerem seus próprios filhos, como vimos no baixo índice de vacinação contra a poliomielite.

São heranças perversas de um governo que só causou dor e sofrimento no povo brasileiro.

Fonte: APUB

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