O V Encontro do Movimento Pedagógico Latino-americano promovido pela Internacional da Educação para a América Latina (IEAL) se encerrou nesta quinta-feira, 5, com uma potente mensagem de unidade latino-americana.
Desde a abertura, na terça-feira, 3, mais de 500 representantes de quase 30 entidades da educação de 12 países, incluindo o PROIFES-Federação, apoiador do evento com a CNTE, debateram a conjuntura política do continente e definiram um plano de ação regional para defender a educação pública como um direito dos trabalhadores.
Ação regional
O ato de encerramento começou com a apresentação do resultado dos debates dos grupos de trabalho. Os educadores foram divididos em três grandes grupos para sugerir ações que vão pautar o Movimento até o próximo encontro em Recife, em 2021, quando se comemora o centenário de Paulo Freire.
A unidade de ação pautou as apresentações, com sugestão de todos os grupos de fortalecer o Movimento Pedagógico Latino-americano e ampliar a luta em defesa da Educação no continente.
Sueli Veiga, secretária-adjunta de formação da CUT, apresentou as propostas brasileiras mirando as eleições do ano que vem para prefeitos e vereadores e a eleição majoritária em 2022. A unidade, formação de base e ações específicas de comunicação, disse, resumem a ideia do Brasil. “Precisamos articular uma frente ampla de esquerda junto com outros movimentos e atores que não estão nas nossas bases e participar amplamente dos processos políticos eleitorais. Precisamos incentivar a participação dos trabalhadores da educação em todos os processos: para prefeitos, vereadores, já preparando a eleição de 2022”.
O secretário-geral da Internacional da Educação, David Edwards, eleito no último Congresso da IE, em julho, em Bangkok, na Tailândia, fez uma fala emocionada sobre a consistência e dedicação das entidades educacionais da América Latina na resistência contra os retrocessos sociais pelos quais passa o continente.
“Não me recordo da energia, foco, planos e solidariedade que vocês mostraram nesse encontro. Tentamos replicar eventos dessa forma na IE global, mas vocês são muito mais unidos, não só pela cultura e idioma, mas pela ação da vida cotidiana; vocês não separam a liderança sindical e o trabalho em sala de aula. E essa consistência se sente”, disse, reforçando que “o Banco Mundial tem medo do que estamos fazendo porque temos propostas libertadoras e emancipadoras de uma educação pública para todos e todas, o oposto do que eles propõem”.
A professora Fátima Silva, Secretária Geral da CNTE e Vice-Presidenta da IEAL, fez sua fala final lembrando que a luta pela justiça democrática representa o momento atual da Internacional da Educação (IE), e que o 8º Congresso Mundial da entidade foi um marco político desse momento. Nesse sentido, agradeceu aos companheiros e companheiras da Argentina a solidariedade durante a Campanha Lula Livre. Também conclamou a todos e todas a continuarem fazendo a denúncia e cobrando o término das investigações do caso Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro, defensora dos Direitos Humanos e das minorias, covardemente assassinada em março de 2018.
“Marielle representa cada um e cada uma de nós que dedicamos nossas vidas a lutar pelo que acreditamos, pela justiça social, pelos direitos humanos, pela direito a educação. Os culpados pela sua morte não podem ficar impunes, não nos calaremos diante das injustiças. Marielle vive”, concluiu.
O presidente da IEAL, Hugo Yaski, encerrou o ato que também se transformou numa demonstração da solidariedade do povo latino americano ao presidente Lula, solto após 580 dias de prisão em Curitiba. Hugo defendeu a construção de uma potente unidade popular puxada pelos setores da Educação, que seja capaz de aglutinar forças e ser um instrumento para ganhar eleições, como o que ocorreu na Argentina. Hugo é presidente da Confederação dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e foi eleito deputado no último pleito, quando também volta ao poder central um governo democrático popular
“Na Argentina, construímos uma maioria com muitos companheiros de caminho e de destino. Temos que construir grandes espaços de unidade e mirá-los de frente sem medo porque vamos derrotá-los”, disse, reforçando que as entidades precisam superar as contradições que a unidade implica. “Essa é nossa tarefa: construir o mais largo arco de unidade dos movimentos populares. E o movimento sindical docente está no centro da luta popular. Ganhamos a eleição na Argentina porque houve luta”.
Fonte: PROIFES-Federação. Com informações da CNTE
Fotos: CNTE