Negacionista, governo fez o Brasil se tornar um mau exemplo no combate à pandemia

Há pouco mais de dois anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou o planeta em alerta: estava confirmada a pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo Coronavírus e que viria a ceifar milhões de vidas em todos os continentes.

Mesmo com o avanço do vírus na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, com consequências já visíveis, o governo brasileiro preferiu não se antecipar à questão. Quando a doença começou a se espalhar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro adotou um discurso negacionista que traria consequências trágicas e nos levaria a ser um dos destaques negativos no combate ao problema, além de figurar na lista de países com maior número de casos e de mortes (2º no mundo).

Escolha pela morte

O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, impulsionado por seguidores extremistas em suas redes sociais e em manifestações inapropriadas por todo país (com direito a aglomerações sem a utilização de máscaras), foi um dos fatos que contribuiu para que nosso país se tornasse uma ameaça à saúde global.

Não à toa, o Brasil ficou em último lugar na pesquisa sobre gestão da pandemia, desenvolvida pelo Lowy Institute, da Austrália, com 98 nações. No estudo, a Nova Zelândia foi o grande destaque positivo.

Mesmo diante da subnotificação de casos da doença e de mortes, o Brasil, de acordo com os dados oficiais da OMS, tem cerca de 10,5% das vítimas globais do vírus. Com mais de 650 mil óbitos (no mundo, está em torno de 6 milhões), vários erros fizeram do nosso território um mau exemplo no enfrentamento à Covid-19, porque se o Brasil estivesse na média mundial, poderia ter poupado cerca de 400 mil vidas, segundo estudos do epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Seguindo a linha de extremistas de todo o planeta, o governo brasileiro optou por dar as costas para a ciência e, com isso, acumulou decisões equivocadas que impulsionaram o caos pandêmico nos quatro cantos do Brasil, em vez de contê-lo.

A crise sanitária serviu de bandeira política para um governo, que já vinha fracassando em praticamente todas as áreas, desviar a atenção de seus próprios erros.

Linha do tempo macabra

Para recordar essa triste linha do tempo de péssimas escolhas, vale lembrar que o Brasil não preparou uma resposta sanitária efetiva. Não quis dar espaço aos cientistas, pesquisadores e profissionais da saúde, nem promover a capacitação de agentes das mais diferentes especialidades, e segurou a provisão de recursos, insumos e equipamentos. A tragédia vivida pelos amazonenses, que morreram pela falta de oxigênio, é uma das maiores marcas da condução da pandemia pelo governo Bolsonaro.

Para acentuar o problema, Bolsonaro, como presidente da República, deu o mau exemplo com frequência e foi o único mandatário do planeta a colaborar com o vírus. Até outros governantes alinhados à extrema-direita mundial não optaram pelo mesmo discurso negacionista e adotaram medidas para conter a pandemia.

Por aqui, faltaram ações efetivas do Ministério da Saúde para difundir a necessidade do distanciamento físico e do uso adequado das máscaras (na verdade, Bolsonaro incentivou seus seguidores a fazer o contrário disso).

A ausência de uma política nacional de testagem em massa agravou ainda mais a situação.

No meio disso tudo, Bolsonaro, políticos alinhados e apoiadores (estranhamente) se tornaram grandes propagandistas de medicamentos ineficazes contra a Covid-19. Milhares de brasileiros morrendo ao acreditar em “curas milagrosas” que nunca aconteceriam. Coincidentemente (ou não), laboratórios cujos donos são alinhados ao presidente multiplicaram seus faturamentos com a venda desses remédios.

Agora, sem dúvida alguma, a demora proposital para a assinatura de contratos para a compra de vacinas e a deficiência no gerenciamento dos imunizantes fizeram do Brasil um exemplo que jamais deve ser seguido. Erros na distribuição, campanha de vacinação praticamente inexistente foram outros graves problemas na gestão da pandemia no país.

O não reconhecimento e a falta de valorização de órgãos de excelência nos estudos científicos, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tornaram ainda mais complicada a missão de controlar a pandemia em território brasileiro. A deturpação do Governo Federal sobre a relevância das universidades foi outro agravante.

Ele quis assim

Tudo isso mostra que, diferentemente das mentiras que Bolsonaro e seus apoiadores tentam difundir, ninguém o impediu de agir. Foi ele quem escolheu ajudar a disseminar o vírus, seja desincentivando o isolamento e o uso de máscaras, seja posteriormente espalhando mentiras sobre as vacinas.

O que o Supremo Tribunal Federal (STF) fez foi não dar margem para que o presidente impedisse prefeitos e governadores de tomar decisões para combater a Covid-19.

A verdade é que Bolsonaro nunca tentou adotar qualquer ação para proteger os brasileiros do vírus. Todo seu esforço foi para espalhá-lo ao máximo de pessoas.

Ao dar as costas à ciência, Bolsonaro entregou o país à própria sorte. O esforço incansável de muitas instituições e profissionais, apesar da falta de respaldo governamental, fez a diferença e impediu números ainda piores. Uma lição amarga e dolorosa, que jamais deve ser repetida.

Fonte: APUB

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