No desmonte dos serviços públicos, poucos ganham, a maioria perde. Então, quem está se dando bem com isso?

DesmonteServiçoPublico

Desde 2016, depois que Michel Temer tomou poder, setores ligados às elites do Brasil passaram a usar um discurso que faz parecer que uma grande catástrofe irá acontecer ser o país não se livrar dos serviços públicos.

Parece que se nada for feito, o país vai entrar em um colapso irreversível. No meio disso, tentam transferir (de maneira oportunista) para os servidores as responsabilidades pelas seguidas crises do país (que eles mesmo criam) e espalham mentiras sobre a qualidade dos serviços públicos.

A preocupação deles não tem nada a ver com melhorar a qualidade ou garantir mais eficiência à máquina pública. O interesse é simplesmente reduzir o papel do Estado, fazer com que empresários lucrem e, de quebra, transferir ainda mais recursos ao sistema financeiro para o pagamento da “dívida” pública (nunca auditada e que atualmente consome mais da metade do orçamento do Brasil).

Mas quem tem a ganhar com esse discurso?

Primeiramente, os grandes empresários. São eles que financiam a falsa ideia de que transferir os serviços públicos para a iniciativa privada seria a “salvação” do país. Eles estão apenas interessados em ganhar cada vez mais dinheiro.

Do mesmo lado do “balcão” (entre os que saem ganhando) estão políticos corruptos que trabalham como office-boys dos interesses do mercado (a maioria desses políticos é financiada por grandes empresários). Em vez de trabalhar e tomar decisões que irão fortalecer os serviços públicos, eles são “patrocinados” por quem deseja reduzir o papel do Estado.

Assim, eles promovem o gradual desmonte dos serviços públicos, por exemplo, aprovando leis que destinam cada vez menos recursos para as instituições públicas (como universidades federais) ou diminuindo a quantidade de servidores com a “desculpa” de que é preciso cortar custos.

A intenção é facilitar a entrada de empresas privadas em setores estratégicos do país e, como “recompensa”, os políticos corruptos recebem “agrados” dos empresários (que os financiaram já com essa intenção).

No meio disso tudo há os “influenciadores”, membros de milícias digitais ou de grupos extremistas que são financiados por essas mesmas elites para fazer propaganda de suas ideias e tentar influenciar a opinião pública.

População fica “na mão”

Enquanto políticos e empresários lucram com o desmonte, a população (especialmente as pessoas das camadas mais pobres) fica prejudicada. Menos servidores atuando e diminuição do orçamento é receita mais do que certa para a piora da qualidade dos serviços públicos e do atendimento às necessidades sociais.
Na maioria das vezes, as táticas de governantes que cumprem com as vontades das elites são sempre parecidas: reduzem investimentos e cortam gastos para sucatear o serviço e, com isso, tentar reforçar a mentira de que a saída seria entregar para a iniciativa privada. É o velho “sucatear para privatizar”.

E nas universidades federais?

As universidades públicas não escapam desse projeto e sentem cada vez mais o impacto dos seguidos cortes orçamentários nos últimos anos (em alguns casos, como a UFBA, o orçamento para 2021 é equivalente ao ano de 2010 (quando a instituição possuía 15 mil estudantes a menos) e precisam fazer malabarismos para manter as mesmas atividades, mas com menos dinheiro.

É uma conta que não fecha, compromete o pagamento de despesas básicas, prejudica o andamento de pesquisas e faz com que bolsas de auxílio para estudantes de baixa renda sejam cortadas.

Com isso, não só professores e estudantes são prejudicados, mas toda a sociedade. Afinal, as universidades públicas são responsáveis por mais de 90% de toda a ciência que é produzida no país.

São projetos, pesquisas que dão um enorme retorno à sociedade e em todas as áreas do conhecimento. Das ciências da natureza e da saúde, que pesquisam e desenvolvem medicamentos, até o aprimoramento tecnológico em áreas da engenharia, passando pelas pesquisas na área de Humanas que contribuem, por exemplo, para o desenvolvimento ou reformulação de políticas públicas.

Sem as universidades públicas ou com o seu enfraquecimento cada vez maior, a produção de todo esse conhecimento fica comprometida. Professores estariam nas salas de aula e em laboratórios de pesquisa apenas para atender a vontade dos empresários, e não o que é de interesse público.

Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, não se cansa de mentir sobre esses fatos, a ponto de tentar fazer as pessoas acreditarem que o ensino superior privado seria melhor (embora todos os rankings de qualidade provem o contrário).

E o que deve ser feito?

É urgente combater o discurso de que o serviço público é o vilão do país. É muito importante publicarmos e compartilharmos notícias que desmontam essas mentiras e que valorizam o trabalho dos servidores.

Afinal, essas jogadas que mostramos não passam de uma desculpa para favorecer grandes empresários e, muitas vezes, políticos corruptos. É fundamental ter isso em mente quando se ouve discursos pregando a “redução da máquina pública” ou que prometem soluções com a entrada de empresas privadas na prestação de serviços que são de responsabilidade do governo.

Quando se trata de desmonte do patrimônio público, alguns poucos são privilegiados enquanto a população fica no prejuízo.

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp