APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

De mãos dadas com a democracia, pela universidade e por direitos

No Dia do Professor, é importante refletir sobre o que temos vivido nos últimos anos

Celebrado oficialmente no Brasil desde 1963, o Dia do Professor deste 2022 acontece em meio ao processo eleitoral presidencial mais importante desde a redemocratização do país. A partir dele, o futuro da educação e das universidades será definido.

Por isso, cabe a nós e a todos aqueles que têm compromisso com a construção de políticas públicas justas, inclusivas e igualitárias, e com a valorização da educação, refletir sobre os projetos atualmente em disputa, e sobre como podemos contribuir para um país melhor.

Após quatro anos em que o conhecimento e as universidades foram tratados como inimigos pelo Governo Federal e seus apoiadores, já não há dúvidas do potencial destrutivo de grupos extremistas controlando o poder estatal.

Neste 15 de outubro, mais do que homenagear os professores, temos que fazer uma reflexão sobre a educação, a Democracia, e o que os docentes têm vivido nesses últimos anos.

Mentiras e perseguição

Em nenhum outro momento da história do nosso país os professores foram tão atacados como nos últimos anos. Como parte da estratégia de dominação e imposição de um modelo de sociedade violenta, belicista, intolerante e preconceituosa, os extremistas estabeleceram como meta destruir a imagem dos professores perante a população.

Logo no início do governo Bolsonaro, foram disseminadas em massa imagens que mentiam sobre o que acontece nas universidades públicas, para que as pessoas acreditassem que nossas instituições são lugares para “depravação”, “perversão”, produção de drogas e outras coisas inomináveis.

Obviamente, a intenção era colocar tudo isso na conta dos professores, com o objetivo de reduzir a relevância da nossa categoria na sociedade e amedrontar os professores, para que deixassem de estimular o pensamento crítico dos estudantes, afinal, todo governo autoritário tem como base a supressão da liberdade de expressão.

Retrocesso no ensino superior

Segundo estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o investimento público em Educação caiu vertiginosamente após a chegada de Jair Bolsonaro à presidência e, em 2021, chegou a seu menor patamar desde 2012.

De acordo com os dados, entre 2019 e 2021 o Governo Federal cortou R$ 8 bilhões em investimentos na área, com o valor real executado caindo de R$ 126,6 bilhões para R$ 118,4 bilhões.

Com isso, o país viu seus índices de Educação piorarem em todos aspectos e níveis de ensino, e se afastou das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado em 2014.

O PNE prevê, por exemplo, que o investimento em Educação deveria estar em ao menos 7% do PIB desde 2019, para que a meta de 10% do PIB fosse atingida em 2024. Graças às decisões de Bolsonaro, seguimos muito distantes, com atuais 5,6%.

Em relação ao ensino superior, os R$ 35,9 bilhões executados em 2021 fizeram o país retroceder ao que era investido em 2010, quando foram destinados R$ 34 bilhões para a área. Em 2014, antes do golpe parlamentar que tirou Dilma Rousseff da presidência, o Governo Federal investiu R$ 46, 4 bilhões na educação superior.

O diagnóstico da preocupante situação de nossa educação nos últimos quatro anos ainda é composto por outro elemento indissociável do bolsonarismo no poder: a corrupção.

Com o Ministério da Educação nas mãos de ministros incompetentes ou extremistas, da chamada “ala ideológica” do governo, inspirada nas “ideias” do falecido astrólogo Olavo de Carvalho, a corrupção tomou conta de uma das pastas mais importantes do governo.

O caso do ministro Milton Ribeiro, à frente do MEC entre 2020 e 2022, é emblemático: além da gestão inepta, ele foi preso por participação em um esquema envolvendo pastores que cobravam propina (inclusive, em barra de ouro) para negociar a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras.

Inclusive, houve também a tentativa de compra de ônibus escolares com valores superfaturados, que só foi barrada depois das denúncias da imprensa (motivo que exemplifica o ódio do governo Bolsonaro contra jornalistas e veículos de comunicação).

Projetos em disputa: não há educação sem Democracia

Diante de tudo o que as professoras e os professores de todas as esferas educacionais vêm sofrendo nos últimos anos, fica evidente que devemos refletir sobre qual futuro queremos construir em nosso país.

Dois projetos bem distintos estão em disputa: um deles vem recebendo amplos apoios em todo o campo democrático da sociedade. Já o outro não só se baseia na violência e no ódio como já teve seu projeto colocado à prova nos últimos quatro anos, com consequências catastróficas para a imensa maioria da população.

Na Educação não pode ser diferente. O caminho para a superação desse trágico momento, inevitavelmente, passa pelo fortalecimento da Democracia. É este o compromisso que queremos renovar com toda nossa categoria neste Dia das Professoras e dos Professores.

Fonte: APUB

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