Depois de 51 dias de greve na UFBA e com a avaliação de que chegamos ao teto das negociações, visão compartilhada amplamente pelas diferentes categorias da universidade e propagada pelo governo, a diretoria da APUB chegou na assembleia do dia 18 de junho com a posição de encerramento imediato da greve (o texto político da diretoria pode ser acessado aqui), respaldada pela grande participação (1.236 votos) dos e das professoras na enquete, cuja maioria expressou o desejo de saída da greve. Entendemos que qualquer manutenção da greve sem possibilidade de avanço nas negociações gera prejuízos para estudantes e professores, prejudica a legitimidade da greve e não contribui para o diálogo com a sociedade. Defendemos que o retorno das aulas deveria acontecer no dia 26 de junho, estabelecendo um prazo para organização do calendário e comunicação para toda a comunidade universitária.
Setores ligados ao Andes, por sua vez, aos gritos e vaias, como costumam se comportar na assembleia, defenderam a manutenção da greve (263 x 139 votos) com indicativo de saída em uma próxima assembleia do dia 26 de junho, mesmo reconhecendo que ela deveria acabar, justificam que toda e qualquer saída da greve na UFBA deveria estar condicionada a uma decisão do Comando Nacional de Greve (CNG), à revelia do desejo da maior parte da categoria docente da universidade.
Sabemos que essas decisões guardam uma incongruência democrática e lógica, pois revela que o Comando Local de Greve (CLG), ao propor um calendário de saída da greve que a estende por mais 10 dias, sem nenhuma justificativa no processo de negociação junto ao governo, uma vez que as conquistas das pautas chegaram em seu limite, produz duas situações: cria um calendário artificial para tentar desgastar a direção da APUB para viabilizar a disputa sindical e toma a universidade como refém dos grupos políticos sectários que compõem a Andes, razão pela qual é tão importante para esses grupos conservar a assembleia como único espaço de deliberação.
Defendem, ainda, que a APUB deixe de existir como sindicato de base, autônomo e independente, estando totalmente subordinado a qualquer decisão que venha de forma vertical, cujos sindicatos filiados ao Andes atualmente se submetem, com único objetivo de instrumentalizar o movimento sindical docente.
Além disso, defenderam a assinatura do acordo com o Governo Federal, nos mesmos termos daquele assinado pelo Proifes, há um mês, que eles tanto rechaçaram.
A diretoria da APUB, mantendo sua linha política de construir junto à categoria caminhos para as melhores decisões, informou, de modo responsável, acerca de todas as mesas de negociação, diferenciando cada uma, bem como detalhou a carreira do magistério superior e EBTT, explicando cada classe e nível, assim como apresentou todas as pautas que não envolviam impacto orçamentário.
Em suma, a deliberação da assembleia do dia de hoje foi alheia à opinião manifestada pelos e pelas colegas na enquete publicizada ontem, o que parece denotar que muitos e muitas não se sentem confortáveis em ir a assembleia, que infelizmente se apresenta como um espaço hostil, com diversos momentos de desrespeito, que impossibilitam condições básicas de deliberação com parâmetro democrático. Repudiamos os ataques sofridos pelo Diretório Central dos Estudantes. Jamais compactuaremos com a situação em que professores hostilizem e vaiem estudantes.
Se já está ajustado o acordo salarial, não há razão para estender a greve. A diretoria da APUB manteve, nesta assembleia, portanto, o seu compromisso com a universidade, com a vontade de um conjunto amplo de professores e professoras, com a construção de autonomia do movimento sindical e com a responsabilidade com os estudantes.