Além do negacionismo, do golpismo e da corrupção, o governo de Jair Bolsonaro também deixa inúmeros problemas sociais e políticos que precisarão ser enfrentados pelo governo de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
O aparelhamento, os cortes de recursos e a destruição de políticas sociais levaram o Brasil para a beira do abismo. A educação e a ciência estão entre as áreas mais afetadas. Um indício da falta de política e investimento para o setor é a chamada “fuga de cérebros”, ocorrida no país nos últimos anos.
O termo é utilizado em referência ao êxodo para o exterior de cientistas e pesquisadores brasileiros altamente qualificados que, por causa dos sucessivos cortes nos orçamentos das instituições de ensino e de pesquisa, além da redução da oferta de bolsas (cujos valores estão congelados há quase uma década), não encontram condições adequadas para o exercício da profissão por aqui e acabam optando por trabalhar em outros países.
Em busca de oportunidades e reconhecimento
A fuga de cérebros se agravou no Brasil durante a gestão de Bolsonaro. Como indica o Observatório do Conhecimento, rede da qual a APUB faz parte, não há dados plenamente precisos sobre o tema, mas levantamentos sugerem que o número de pesquisadores brasileiros vivendo nos Estados Unidos subiu 40% em 2019 e 2020 na comparação com os anos de 2017 e 2018.
Um escritório de advocacia citado pelo Observatório aponta que o número de brasileiros com vistos de pesquisador aumentou cerca de 1.200% em 2022.
Já uma reportagem do jornal O Globo revelou que, em 2022, havia entre 2 e 3 mil pesquisadores brasileiros trabalhando no exterior. São profissionais altamente qualificados que foram capacitados graças aos investimentos nacionais em educação, mas não encontram oportunidades, condições de trabalho e nem reconhecimento no Brasil.
Cortes no orçamento e bolsas defasadas
Dados da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) sinalizam uma defasagem inflacionária de 67,97% no valor das bolsas de mestrado e doutorado financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Iniciado em 1º de janeiro de 2023, o novo governo de Lula terá, entre as diversas tarefas urgentes para a reconstrução do país, a retomada dos investimentos em educação, ciência e tecnologia como tônica, fazendo com que o Brasil volte a oferecer condições de trabalho para garantir produção de conhecimento e o desenvolvimento soberano da nação.
Fonte: APUB