Elas foram fundamentais na redemocratização do país, tanto no movimento de docentes quanto estudantil. Não é por acaso que é o centro dos ataques de Bolsonaro
Historicamente, as universidades ocupam um lugar estratégico na garantia dos direitos democráticos. Tanto que, em todo projeto autoritário que o país atravessou, as universidades foram os principais alvos. Ao longo dos anos de chumbo no Brasil, por exemplo, o regime ditatorial centrou fogo em prender, perseguir e torturar professores e lideranças estudantis.
Hoje, os resquícios do período da ditadura voltaram a ecoar nas universidades públicas. Atualmente, das 54 universidades federais do país, 37 realizaram consultas paritárias para reitor, nas quais cada categoria vale 1/3 do peso eleitoral. Contudo, algumas instituições mantêm as estruturas de poder autoritárias herdadas do regime autoritário, inclusive resguardando regimentos disciplinares e estatutos da época.
Via de regra, o avanço do autoritarismo sobre a universidade pública acontece, fundamentalmente, por dois fatores:
Primeiro, porque professores, técnicos e estudantes das universidades públicas no Brasil formam uma trincheira de resistência a qualquer tipo de autoritarismo.
Segundo, porque nessas instituições o pensamento crítico é estimulado. E qualquer projeto autoritário precisa sufocar as críticas e as reflexões sobre a realidade.
Portanto, atacar as universidades públicas significa atuar em duas frentes: a curto prazo, sufocar as manifestações e as diversas formas de organização de luta e resistência; e, a médio e longo prazo, é a condenação de gerações ao obscurecimento intelectual, cultural, social e político, que inviabiliza a compreensão de mundo e, consequentemente, o questionamento sobre como ele funciona.
Os esforços do governo Bolsonaro em atacar a universidade pública vão exatamente nesse sentido. Os cortes que acumulam quase R$ 100 bilhões nos últimos anos, em áreas como educação e ciência e tecnologia, representam o projeto estratégico do bolsonarismo de minar as bases da Democracia no país.
Os ataques verbais, financeiros e profundamente ideológicos de Bolsonaro também visam inviabilizar e desacreditar a universidade pública junto à sociedade, criando as condições para que o negacionismo, o anticientificismo e o autoritarismo ganhem espaço. No entanto, apesar desses esforços, as universidades públicas seguem firmes no compromisso histórico de defender a Democracia, a liberdade e um país mais justo para todos e todas. As universidades públicas irão, mais uma vez, cumprir o dever histórico de estar na trincheira contra intenções golpistas e contra o autoritarismo.
Fonte: APUB