Por que deputados bolsonaristas e lavajatistas votaram contra lei que equipara salário de homens e mulheres?

Por um instante, deixe de lado todos os inflamados debates políticos e reflita exclusivamente sobre essa questão: qual o motivo para alguém ser contra a equiparação salarial entre homens e mulheres? Como alguém consegue encontrar justificativas para defender a ideia de que as mulheres podem receber salários mais baixos para desempenhar as mesmas funções do que os homens?

Mas foi justamente o que fizeram 36 deputados federais votaram contra o Projeto de Lei, de autoria do governo Lula, que altera a legislação trabalhista para instituir medidas que garantam a igualdade salarial entre homens e mulheres que realizam trabalho de igual valor ou exercem a mesma função.

E o que esses 36 parlamentares que votaram contra os direitos das mulheres têm em comum? São todos lavajatistas, extremistas ou bolsonaristas (ou uma sinistra combinação dessas características).

Essa votação é reveladora porque mostra que esses parlamentares, eleitos com discursos violentos, uso de fake news, demagogia e oportunismo, são contrários a qualquer iniciativa que promova avanços sociais e mais igualdade de direitos e oportunidades.

Dos 36 votos:

25 foram do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro

3 foram do NOVO, partido neoliberal com políticos que apoiam ideias extremistas

3 do União Brasil (junção do PSL com o DEM)

1 do Cidadania, 2 do Podemos, 1 do PSD e 1 do PP



Bolsonaristas radicais



A votação comprova que, além de abrigar extremistas, o PL é a maior bancada contra os direitos das mulheres. Assim, se confirma que o radicalismo bolsonarista é também machista, como seu líder já evidenciou em diversas ocasiões.

Não por acaso, os mais fiéis membros dessa seita votaram contra os direitos das mulheres, incluindo Eduardo Bolsonaro (PL-SP, filho do ex-presidente), Carlos Jordy (PL-RJ), Luiz P.O Bragança (PL-SP, herdeiro da “família real”), Ricardo Salles (PL-SP, investigado em um esquema de exportação ilegal de madeira), Bibo Nunes (PL-RS, que falou que estudantes de universidades federais deveriam ser queimados vivos), entre outros.

O único voto entre os deputados baianos foi do Capitão Alden (PL-BA).



Mulheres votando contra os direitos das mulheres?



Curiosamente, dez votos foram de deputadas mulheres, o que, à primeira vista, pode parecer incoerente. Mas basta checar os nomes para perceber que o voto está alinhado ao que elas fazem, falam e publicam.

Entre elas, estão:

Carla Zambelli (PL-SP), que correu armada atrás de um homem negro com quem discutiu na rua no ano passado, além do longo histórico de discursos extremistas e publicação de fake news.

Bia Kicis (PSL-DF), notória espalhadora de fake news e discursos extremistas

Julia Zanatta (PL-SC), outra espalhadora de fake news e incentivo à violência (postou foto com arma nas mãos e uma camiseta sugerindo que atirassem no presidente Lula)

Rosângela Moro (União-SP), esposa do ex-juiz parcial e senador Sérgio Moro



Lavajatistas



Outra “curiosidade”: o lavajatista Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que ficou famoso pelas mentiras e parcialidade na condução da farsa política chamada Lava-Jato, também votou contra os direitos das mulheres.

Rosângela Moro, que citamos acima, também virou celebridade entre os extremistas por ser esposa do ex-juiz que conduziu, direcionou e operou a farsa da Lava-Jato para perseguir adversários políticos.

Há também o voto de um ex-bolsonarista radical, Kim Kataguiri (União-SP), fundador da milícia digital MBL (que cresceu na rabeira das ações lavajatistas), cujos membros frequentemente misturam pautas neoliberais com ideias extremistas.

Além de prejudicar o país e causar dezenas de milhões de desempregos, agora ficou mais evidente que os lavajatistas também são contrários a avanços sociais e direitos das mulheres.



NOVO ou Velho?


O caso dos parlamentares do partido NOVO é singular. Da agenda neoliberal a favor das camadas super ricas e dos banqueiros, sempre votando contra os direitos da população, políticos da legenda passaram a apoiar ideias extremistas, comprovando que o machismo também é instrumento de manutenção do sistema de desigualdades sociais que eles apoiam. Nada de novo nessa postura.



O Projeto de Lei é um começo


Foram 325 votos favoráveis e 36 contrários ao parecer final da deputada Jack Rocha (PT-ES), definido após uma negociação entre os líderes partidários. Em razão de um acordo, não foram apresentados destaques que poderiam alterar a versão da relatora.

O texto aprovado altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e determina a criação de mecanismos de transparência e de remuneração a ser seguidos pelos empregadores, determina o aumento da fiscalização e prevê a aplicação de punições a empresas que não apliquem critério de igualdade nos pagamentos a homens e mulheres na mesma função.

É inegável que o Projeto de Lei representa um enorme avanço social para reduzir as diferenças salariais entre gêneros, que chegam a 20% no Brasil, mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação, segundo levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE.

Por mais que as transformações culturais e sociais, geralmente, levem bastante tempo para se consolidar, a lei de equiparação salarial irá acelerar essas mudanças e fará nosso país avançar com muito mais rapidez nas políticas de redução de desigualdades de gênero.



Fonte: APUB

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