No Brasil, as universidades públicas sempre estiveram no centro das batalhas sociais de sua época – sobretudo em momentos em que a Democracia esteve ameaçada. Foi assim durante a longa trajetória de resistência contra a ditadura e, mais recentemente, contra os inúmeros ataques do governo Bolsonaro ao Estado Democrático de Direito.
Não por acaso, as lideranças da comunidade universitária são alvo constante dos arroubos autoritários do presidente – historicamente, docentes universitários são um dos primeiros setores da sociedade perseguidos quando há tentativas de golpe contra a ordem democrática.
Isso acontece porque a responsabilidade das universidades, sobretudo dos professores, diante dos desafios atuais é maior à medida que a sociedade se diversifica, e implica em formar pessoas críticas, capazes de raciocinar sobre o funcionamento econômico, político e social do país – pilares de uma Democracia plena.
Medo do livre pensar
A docência exerce a função estratégica de promover a formação humana e cidadã, alicerçada na construção de conhecimentos científicos, históricos, sociais que contribuam para uma melhor compreensão da sociedade e atuação crítica frente às desigualdades sociais, ao preconceito, à discriminação, à exclusão.
Tudo isso vai contra o ideário totalitário. Por isso, consideram que as universidades públicas são uma ameaça às ideias extremistas.
Portanto, o dever docente não se encerra apenas nas pessoas com quem lida diretamente, ele integra um conjunto de medidas que visam o progresso das gerações futuras, rumo à construção de um mundo mais sustentável, justo e menos desigual.
No entanto, o governo Bolsonaro atua na contramão dessa corrente e ataca diuturnamente nossos alicerces democráticos. O autoritarismo, as perseguições, as ameaças e a truculência mutilam as práticas universitárias ao restringir a liberdade de cátedra, do livre pensar, do debate de ideias e da autonomia acadêmica. Assim, a violência abre espaço para a legitimação do autoritarismo e promove o obscurantismo.
O sucateamento da educação pública, o aparelhamento ideológico voltado para uma cultura da violência e da propagação do ódio e o ataque à educação laica – desvalorizando a produção científica – fornecem as bases pelas quais o bolsonarismo prepara um grande golpe contra a Democracia e o povo brasileiro.
Urge em toda comunidade universitária, articulada com as diversas frentes de organização da sociedade civil, estarmos atentos, fortes e preparados ao longo de todo período eleitoral, e ainda mais no dia 7 de setembro, para travar mais essa trincheira histórica em defesa de um país mais justo e soberano, a serviço da liberdade e do Estado Democrático de Direito.
Fonte: APUB