Qual a origem do mantra do “privatiza tudo” que engana tantas pessoas?

Agora que você já conhece a realidade por trás do mantra do “privatiza tudo”, sabe que espalhar essa mentira apenas ajuda as elites
Agora que você já conhece a realidade por trás do mantra do “privatiza tudo”, sabe que espalhar essa mentira apenas ajuda as elites

Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mentiu novamente para tentar convencer as pessoas de que a educação privada tem mais qualidade do que a educação pública, inclusive no ensino superior. 

Se dependesse dele, todas as universidades no Brasil estariam nas mãos da iniciativa privada e o Governo Federal repassaria o máximo de recursos possível para os grupos empresariais do setor.

Paulo Guedes é um dos principais garotos-propagandas do mantra do “privatiza tudo”.

Mas quais interesses estariam envolvidos na divulgação dessa ideia?

Dinheiro no bolso

O “privatiza tudo” é uma expressão repetida à exaustão para tentar fazer com que as pessoas abram mãos de direitos para defender uma ideia que só é boa para as elites. Os principais entusiastas das privatizações estão interessados apenas em ganhar dinheiro (para si ou para aqueles que eles representam).

São grandes empresários (como os do setor da educação) que querem abocanhar cada vez mais parcelas do “mercado”. Sim, porque, para eles, a educação não passa de um “serviço” e seu “mercado consumidor” são os estudantes de todo o Brasil.

Para isso, os grandes empresários gastam tempo (e muito dinheiro) fazendo lobby e financiando a campanha de políticos oportunistas, que irão a público defender as privatizações e tentarão aprovar leis que facilitem a transferência dos serviços públicos e das empresas estatais para os empresários.

Mas eles sabem que cerca de 70% dos brasileiros rejeitam a ideia do “privatiza tudo”. Por isso, aqueles setores oportunistas empenham grandes esforços para massificar uma ideia que é tão prejudicial à população.

E aí entra o papel de alguns setores da velha mídia, das “milícias virtuais” (financiadas por poderosos grupos econômicos) e de grupos extremistas.

A lógica da desinformação

A estratégia principal deles é desgastar ao máximo a imagem dos serviços públicos e das empresas estatais no Brasil.

Com um interesse em comum, esses diferentes setores se unem para fazer sua pauta avançar.

No caso da velha mídia, estamos falando de corporações cujos patrocinadores são as mesmas grandes empresas interessadas nas privatizações para abocanhar mercados lucrativos e bem estabelecidos.

Por isso, não é raro vermos notícias que distorcem dados para que as pessoas acreditem que o Brasil “gasta demais” no serviço público (o que é mentira), ou que teria “estatais demais” (outra mentira).

Mas quando foi a última vez que você viu algum veículo da velha mídia elogiar o trabalho de servidores ou o benefício das estatais? Com qual frequência isso acontece? E valorizar as universidades públicas, sua importância para a sociedade, sua capacidade de promover conhecimento, ou o fato de que elas produzem mais de 95% da ciência brasileira e lideram todos os rankings de qualidade nacionais e da América Latina?

Já as milícias virtuais, criadas para defender ideias de políticos extremistas, como o presidente Jair Bolsonaro e seu governo, distorcem dados e disseminam fake news nas redes sociais, estimulando, por exemplo, o descrédito da sociedade quanto às universidades públicas, boicotando todo o conhecimento que é produzido nelas.

Fake news e distorções se acumulam

Não há nenhuma evidência que comprove que as privatizações deixam os serviços mais eficientes e mais baratos. Pelo contrário: justamente pela qualidade cair e os preços aumentarem, o que se vê nos países desenvolvidos hoje é um amplo processo de reestatização de empresas e serviços que haviam sido privatizadas no passado (isso você jamais verá a velha mídia ou as milícias digitais falarem).

Os mesmos setores que fecham os olhos para esse fato são aqueles que atacam constantemente os servidores, chamando os serviços públicos de “cabide de emprego” quando, na verdade, a imensa maioria dos funcionários passou por concursos e é altamente qualificada.

Também é comum ouvirmos adeptos do “privatiza tudo” mencionarem a necessidade de sanar os problemas fiscais do Brasil a partir das privatizações, mas essas mesmas pessoas não explicam que o governo já destina quase metade do orçamento anual para o pagamento da dívida (que nunca foi auditada e, mesmo absorvendo cada vez mais recursos, não diminui).

Ao fim, as mentiras se amontoam e, na hora de defender as privatizações, esses setores não medem esforços para enganar a população.

E qual é a realidade?

A verdade é que sem os serviços públicos haveria um abismo social muito maior no Brasil. É impossível conceber nosso país, por exemplo, sem o Sistema Único de Saúde (SUS, utilizado por mais de 80% dos brasileiros) ou a educação pública (que atende mais de 85% dos estudantes).

Milhões de brasileiros ficariam sem acesso a serviços básicos se dependêssemos apenas da vontade da iniciativa privada, que prefere atuar apenas onde há maior chance de lucro.

Não só os serviços públicos, mas também as empresas estatais representam enormes oportunidades para o desenvolvimento do país, para a movimentação de setores da economia, para o combate à desigualdade social e econômica e para o investimento em novas tecnologias e o financiamento de programas e iniciativas de interesse social.

Fuja da enganação

É por isso que, além de inúmeros interesses econômicos envolvidos, está evidente que os setores que reforçam o mantra do “privatiza tudo” não estão preocupados com as necessidades da população e nem se as pessoas conseguirão ter acesso aos próprios direitos.

Os serviços públicos e as empresas estatais são essenciais para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. É necessário valorizar o que é público, porque é dessa forma que iremos proporcionar mais bem-estar para toda a população.

Agora que você já conhece a realidade por trás do mantra do “privatiza tudo”, sabe que espalhar essa mentira apenas ajuda as elites a acumularem cada vez mais riquezas, contribuindo para construir um país cada vez mais desigual.

Fonte: APUB

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