O movimento sindical deve pensar não no fortalecimento estrutural, mas também de sua organização. A fala é do diretor da Internacional de Educação da América Latina (IEAL), Combertty Rodríguez, na mesa de abertura do primeiro dia do VIII Encontro Nacional do PROIFES-Federação.
Para o diretor da IEAL, os movimentos devem aglutinar diferentes setores sociais para fortalecê-lo em prol de uma educação de qualidade. Combertty afirma que o debate também deve contemplar os mais desfavorecidos, como negros e índios. “Em muitos países, as discussões da pluralidade não estão implementadas. As realidades são heterogêneas e precisam ser pensadas e articuladas para que todos possam ter a mesma educação de qualidade, sendo vista como um complexo sistema”.
Outro ponto abordado pelo diretor é a necessidade dos movimentos sindicais terem autonomia política e financeira. “Os sindicatos precisam ter seus próprios recursos e distinguirem-se do partido político a que são ligados. Cada um tem o seu papel na sociedade e uma entidade sindical deve ser capaz de propor, reivindicar e mobilizar”. Entretanto, Combertty ressalta que isto tem mudado paulatinamente já que a composição das organizações da América latina tem se tornado cada vez mais plural. “Hoje, não somente na educação, mas em todos os outros setores, que há uma pluralidade de ideologias na luta por uma mesma causa. Isso é positivo e fortalece o movimento”.
De acordo com Combertyy, a pluralidade também deve ser alcançada com a integração internacional. “É fundamental que se faça uma política internacional e não apenas um relacionamento entre países da América Latina”, finalizou.
Na mesma linha, a vice-presidente da regional da (IEA), Fátima da Silva, explicou o funcionamento da organização que representa mais de 29 milhões de professores, trabalhadores em educação em todo o mundo e apresentou dados que revelam as disparidades na área da educação dentro da América Latina em pontos como salários, formação, qualificação profissional, condições de trabalho e estrutura. Uma destas grandes diferenças entre o Brasil e os demais países do continente, segundo Fátima da Silva, é que constitucionalmente, deve-se destinar 25% de todo o recurso público para a educação. Em outros países, os sindicatos tem que anualmente gastar energia para que conseguir recursos para a área. “No Brasil lutamos para ter 10% do PIB em educação. A República Dominicana tem 2% e briga para chegar a 4%. Isso nos permite fazer um comparativo para ajudar o continente como um todo a avançar”, disse.
Um dos desafios apontados pela especialista é que o pensamento no serviço público deve se transpor ao de uma ilha. “Não vamos melhorar o setor em pontos como investimento, condições de trabalho e carreira se pensamos à parte dos demais trabalhadores e do desenvolvimento do país”, concluiu.
O diretor de assuntos internacionais do PROIFES, Gil Vicente, disse que será difícil avançar nas causas do ensino superior senão se pensar na educação como um todo. O professor é autor do estudo “Educação universal e de qualidade – um projeto para o Brasil” que apresenta um diagnóstico detalhado da educação brasileira em todos os níveis de ensino na última década, além das desigualdades regionais na defasagem série-idade, avaliação dos investimentos e recursos necessários à consecução das metas e diretrizes em cada nível. “O PROIFES está atento aos diferentes desafios e as políticas devem atender as particularidades brasileiras, mas é importante entendermos profundamente como está a situação na América Latina para fazermos um projeto conjunto de desenvolvimento”.
Internacional de Educação
A Internacional de Educação representa mais de 29 milhões de professores, trabalhadores em educação. São cerca de 400 organizações membros em 166 países e territórios. Como uma das 10 Federações Sindicais Mundiais, e a única que representa o pessoal da educação em todo o mundo, reunindo os professores, trabalhadores em educação onde quer que estejam.