Os resultados ambientais do Brasil são tão ruins nos últimos anos que o presidente Jair Bolsonaro foi um dos poucos chefes de Estado a não comparecer à COP26, importante conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada em novembro de 2021, em Paris (França).
Se tivesse tido coragem para ir, Bolsonaro teria que explicar por que o Brasil não está ajudando a busca mundial por controlar o aquecimento global e zerar o desmatamento, principais metas da conferência.
Após a chegada de Bolsonaro ao poder, na verdade, o país tem agido no sentido oposto, batendo recordes de desmatamento na Amazônia e também de emissões de carbono e incêndios florestais.
Para piorar, o Governo Federal cortou 93% dos investimentos em estudos e projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos três primeiros anos da gestão Bolsonaro e ainda retirou do renomado Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) o monitoramento sobre queimadas e incêndios florestais e passou para o Ministério da Agricultura, comandando por membros do agronegócio, que são os principais responsáveis pelo desmatamento no Brasil.
Cortes em pesquisa
Caso estivesse preocupado com esse cenário e quisesse, de fato, cumprir os acordos internacionais relativos às mudanças climáticas, o governo Bolsonaro estaria investindo em ciência e tecnologia para buscar soluções. Novamente, a realidade demonstra o contrário.
Nos três primeiros anos de sua gestão, Bolsonaro cortou 93% dos investimentos em estudos e projetos de redução das mudanças climáticas.
Entre janeiro de 2016 e dezembro de 2018, os investimentos nessa área foram de R$ 31,1 milhões, e caíram para inacreditáveis R$ 2,1 milhões em três anos, sendo que em 2021 foram apenas R$ 426 mil.
Como comparação, a viagem do presidente Bolsonaro e sua comitiva para participar de uma assembleia da ONU em Nova York (a maioria deles foi mesmo à passeio) teve um custo de aproximadamente R$ 1,1 milhão. Ou seja, em apenas uma viagem o governo investiu mais do que o dobro do que gasta em um ano com pesquisas sobre mudanças climáticas.
Maior desmatamento na Amazônia desde 2008
Durante a COP26, nosso país estava representado e até foi um dos mais de cem países signatários de um acordo para proteção das florestas que tem como meta zerar o desmatamento ilegal no mundo até 2030.
No entanto, ninguém acredita que o atual Governo Federal tenha intenções de respeitar esse acordo, não apenas pela ausência de Bolsonaro na conferência, ou pelo fato de o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estar sendo investigado pelo envolvimento no tráfico de madeira desmatada ilegalmente, mas também pelos resultados vergonhosos do país nos últimos anos nesta área.
Em 2019 e 2020, dois primeiros anos de governo Bolsonaro, o desmatamento na Amazônia chegou a seu maior índice desde 2008, com um aumento de 67% na destruição da floresta.
Emissões de gases poluentes e incêndios florestais
O Brasil também se comprometeu na COP26 a cortar em 50% as emissões de gases poluentes até 2030, outra meta que está bastante distante de ser atingida no momento.
Em 2020, o Brasil registrou o maior volume de emissões desde 2006, mesmo em meio à pandemia de Covid-19, que reduziu a circulação de veículos particulares e de uso profissional por causa das necessárias medidas de isolamento social. Enquanto a média global caiu cerca de 7% em 2020, por conta das restrições da crise sanitária, no Brasil houve aumento de 9,5% em relação a 2019.
O maior responsável é exatamente o desmatamento, descontrolado (e incentivado) após a chegada de Bolsonaro ao poder, fazendo com que o Brasil seja, atualmente, o sexto maior emissor de gases do efeito estufa no mundo.
Outro triste recorde da gestão Bolsonaro é o de incêndios no território brasileiro, que em 2020 tiveram sua pior taxa desde 2010 e um aumento de 12,7% em relação a 2019.
Fonte: APUB