APUB SINDICATO DOS PROFESSORES DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR DA BAHIA

Curso de Letramento Antirracista traz panorama das desigualdades raciais no Brasil

O terceiro módulo do Curso de Letramento Antirracista da APUB foi dedicado a uma análise das heranças da escravidão na formação brasileira e das formas pelas quais cientistas influenciados pelas teorias racistas produziram concepções desumanizadoras sobre pessoas negras. Ministrado pela professora Luciana Brito (UFRB), o encontro teve como tema “Panorama das Desigualdades Raciais no Brasil”. Além da ampla participação online, somando mais de 180 visualizações no YouTube, mais de 50 pessoas participaram presencialmente no auditório da APUB, contribuindo ativamente para os debates.

Coordenador e idealizador do Curso, o diretor acadêmico da APUB, Márcio André dos Santos, abriu a atividade, destacando a relevância desta temática  na atualidade e o objetivo do curso de provocar o interesse pelo tema  das relações étnico-raciais. “Definitivamente, a gente está no momento da história da democracia brasileira, que é muito importante tratarmos da temática do combate ao racismo, da maneira mais responsável possível”, defendeu, lembrando que as desigualdades étnico-raciais afetam toda a sociedade. 

Historiadora, doutora em história pela USP e especialista nos estudos sobre escravidão, pós-abolição e relações raciais no Brasil e nos Estados Unidos, Luciana Brito iniciou a sua fala dedicando os trabalhos ao estudante Caíque Reis, de 16 anos, que foi morto em ação da Polícia Militar no bairro de São Marcos, em Salvador. “Caíque foi alvejado pelas costas, pela PM, e está morto. Então, tudo aquilo que eu apresentar e que nós discutirmos na tarde de hoje, eu quero dedicar à memória de Caíque Reis, desejando força para sua família e para todas e todos nós. E também aqui fazendo o meu protesto pessoal, na exigência de câmeras no fardamento da Polícia Militar baiana”, defendeu.

Em sua abordagem, que parte de uma perspectiva histórica, Luciana recorreu a imagens para analisar como sujeitos negros foram representados por uma ótica racista e, em contrapartida, como se representaram ao produzir suas próprias memórias. Ao longo dos debates, também foi observado como o legado escravocrata continua a moldar as relações de trabalho e o tecido social  brasileiro, perpetuando violência e desigualdade.

Professora da UFRB, é autora dos livros “O avesso da raça: escravidão, racismo e abolicionismo entre os Estados Unidos e o Brasil” (Barzar do Tempo, 2023) e “Temores da África: segurança, legislação e população africana na Bahia oitocentista” (Edufba, 2016) e organizadora do livro “Reparação” (Fósforo, 2025).

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