Apesar de a população negra (pretos e pardos) representar mais da metade da população brasileira, esse grupo ainda está sub-representado em espaços como o serviço público, na docência superior, na magistratura e na esfera política. Indígenas e quilombolas também enfrentam os efeitos do racismo estrutural e da exclusão histórica.
As políticas de ação afirmativa e de reparação, a exemplo da nova Lei de Cotas, que ampliou a reserva de vagas em concursos públicos para pessoas pretas e pardas, indígenas e quilombolas, são fundamentais para a superação desse cenário de desigualdades e para o fortalecimento de políticas antirracistas em nosso país.
Por isso, a APUB convida a todos a refletir: “O que é ser Antirracista para você?” Na primeira semana da campanha, as docentes Carine Gurunga, Clarisse Paradis e Maria Cláudia Ferreira, do campus dos Malês da UNILAB, responderam a esta pergunta.
Na segunda, as professoras Luciene Fernandes (IMRS/UFBA) e Renata Rodrigues (UNILAB/Malês) também enviaram suas contribuições e enfatizaram um aspecto central nessa luta: a importância do protagonismo negro na desconstrução do racismo. Confira!
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Carine Gurunga
“Ser antirracista, pra mim, é lutar contra essa herança maldita
da escravização, que nos assola até os dias de hoje. É lutar para
que corpos negros não sejam alvos de tiros. É lutar por mais
educação, mais saúde, mais lazer, mais emprego, mais
oportunidades e mais dignidade para o povo preto”.
Clarisse Paradis
“Ser antirracista no Brasil é, primeiro, reconhecer que o racismo
é o principal problema da democracia brasileira e que o seu
enfrentamento exige um pacto, um novo pacto, uma nova
linguagem política que congregue toda uma geração de
lutadores e lutadoras, sejam eles negros ou não negros”.
Maria Cláudia Ferreira
“Ser antirracista, para mim, é ficar atenta para falas, atitudes,
estruturas que reforçam as desigualdades, mesmo quando
parecem normais. É também um compromisso com a justiça, é
apoiar políticas que ampliem o acesso a direitos”
Luciene Fernandes (IMRS/UFBA)
“Ser antirracista é caminhar ao lado de quem foi apagado. É devolver corpo, nome e memória. É transformar o cotidiano em território de justiça. É garantir que pessoas racializadas sejam sujeito de suas histórias”.
Renata Rodrigues (UNILAB/Malês)
“Especialmente quando a gente pensa em epistemologias, metodologias negras, decoloniais, antirracistas, a gente tem que entender que tudo isso é uma uma reação, uma alternativa contra um pensamento hegemônico. E às vezes, por mais que a gente se declare antirracista, a gente ainda oprime pessoas negras no nosso cotidiano. A gente oprime questionando os seus saberes, as suas experiências, os seus valores, sem considerar todo o seu processo formativo e o seu entendimento de mundo. Então, ser antirracista é considerar epistemologias experiências negras e respeitá-las enquanto tal”.
Barbara Coêlho (ICI/UFBA)
“O antirracismo exige, na minha percepção uma ação prática. Então, ser antirracista para mim é um compromisso diário porque racismo não é um problema individual mas um sistema de opressão que precisa ser desmontado coletivamente. Ter atitudes de respeito para com o outro e ser respeitada para aprender e educar de forma dialógica.”
Marta Lícia (FACED/UFBA)
“Penso que uma ação antirracista é uma ação pedagógica, permanente, voltada para o bem público, pois se baseia no reconhecimento da diversidade como princípio fundamental da afirmação da experiência do povo negro na diáspora, como central para a construção de subjetividades”.
Lorena Pinheiro (Medicina/UFBA)
“Muito além de ensinar tratamentos ou raciocínio clínico, é formar pessoas e profissionais médicos que desconstruam o preconceito racial na nossa sociedade.”
Ricardo Benedito – Pedagogia/UNILAB/Malês
“Ser antirracista significa trabalhar para valorizar o modo de existir africano, para que esse modo de existir no Brasil seja tão respeitado e valorizado quanto qualquer outro.”